Capítulo 1
A cidade de Aruaz ficava um pouco afastada das outras cidades, sendo cercada por uma floresta. O difícil contato com a capital, fazia com que os os grandes fazendeiros da região tomassem decisões, formando um grupo clandestino.
A sociedade completamente submissa, sofria com o poder concentrado na mão desses homens, que só visavam os seus interesses. Cidadãos cansados da situação, mas acovardados demais para tomarem alguma atitude.
Eis que surge um homem corajoso e destemido, que os senhores pensavam não passar de um mito. O Cavaleiro da Escuridão aparece para fazê-los conhecer as trevas e acabar com a injustiça. As más línguas dizem que ele é um bandido; as carentes, um herói. Mas a verdade é que o Cavaleiro é apenas um homem de valores diferentes e bons princípios.
Um segundo foi o tempo suficiente para que o silêncio da noite, na estrada de terra, fosse cortado por galopadas rápidas. O cavalo negro cavalgava rapidamente, levantando poeira. O homem pôde ouvir a correria dos escravos, que era também o anúncio de dever cumprido.
Assim que já estava afastado da fazenda, onde estivera há pouco, diminuiu a velocidade, quase parando. Mas seu momento de tranquilidade não durou muito, no momento em que avistou que um pouco à frente, alguém o observava.
Intrigado, fez com que Escuridão corresse o mais rápido possível, quando o espião começou a fugir.
Em uma corrida de cavalos em plena madrugada, os dois corriam os mais rápido que podiam. Um com medo do que poderia acontecer; o outro, por curiosidade.
— Vamos, vamos, Florence — o observador murmurou desesperado para a égua, percebendo que o temido Cavaleiro Negro se aproximava.
Mas seus esforços não foram suficientes, pois Escuridão ganhou mais velocidade e se pôs na frente de Florence. A égua relinchou, sendo obrigada a parar e derrubando seu condutor.
O baque no chão foi forte e o observador não conseguiu se recompor a tempo de fugir. O cavaleiro negro já estava à sua frente, com a espada apontada para o caído.
— Quem és tu? — a voz abafada pelo pano que cobria sua boca era grossa e medonha. Não obteve resposta, o que o deixou impaciente. — Eu fiz uma pergunta!
Sem respostas novamente. O cavaleiro enfurecido puxou o caído pelo braço, fazendo com que ele se levantasse, mas largou assim que ouviu o gemido de dor afeminado. Sua feição se tornou confusa.
Arrancou o chapéu e a bandana da pessoa, e se surpreendeu quando as madeixas negras caíram sobre os ombros e o rosto delicado da mulher foi revelado. O homem a fitou transtornado.
— Por favor, não me machuque — ela implorou, e os olhos azuis transpassavam dor. O cavaleiro achou estar louco, nunca havia visto nada do tipo. Uma mulher nas roupas de um homem, uma mulher àquela hora numa estrada, uma mulher cavalgando.
— Qual o seu nome?
— Demetria. Demetria Lovato.
O homem ainda não entendia o que a filha do fazendeiro rico fazia por ali. Melhor, por que o espionava.
— O que tu fazes aqui?
— Precisava descobrir se o Cavaleiro Negro era uma lenda — respondeu, abrindo um pequeno sorriso, enquanto se levantava com cuidado. Ele apenas observou cada movimento. Demetria ameaçou encostar a mão nele e, como um ato reflexo, o Cavaleiro impediu se defendendo. Girou a mulher pela mão e a prensou contra seu corpo, com a espada em seu pescoço. Demetria soltou outro gemido baixo, mas dessa vez sorrindo, sentindo a respiração dele em sua nuca e o peitoral em suas costas. — É, você é de carne e osso.
— Como sabias que me encontraria aqui hoje? — perguntou, soltando-a, quando percebeu que havia se exaltado.
— Fiz as contas - deu de ombros, mas se arrependeu por causa das dores. — Associei seus ataques, o tempo entre eles. E arrisco a dizer que a próxima fazenda a ser atacada pelo Cavaleiro, é a de meu pai. Por isso, me ofereço para ajudá-lo, já que tenho acesso às chaves e conheço aquele terreno como a palma da minha mão.
—Tu és louca! — ele concluiu, dando uma risada baixa e balançando a cabeça em negação. O homem guardou a espada, e montou novamente em seu cavalo. Demetria o encarava com a sobrancelha erguida. Não estava acreditando que o homem a deixaria ali, plantada, sem resposta alguma. — Nunca precisei de ajuda, volte para casa.
— Admiro o que tu fazes pelos carentes e escravos. Gostaria muito de poder fazer o mesmo, nem que seja algo bobo.
— Não preciso da ajuda de uma--
— De uma o quê? Mulher?! — ela interrompeu enfezada, e o homem apenas ouviu, enquanto Escuridão andava calmamente. Demetria sentiu a frustração a consumir, ao constatar que o homem à sua frente tinha os mesmos valores de todos os outros, quando virou às costas. — É decepcionante constatar que o temido e admirável Cavaleiro Negro não passa de mais um homem repugnante, apesar de seus feitos. Em sua mente há os mesmos preconceitos que a sociedade impõe.
Suas palavras não reverteram o caminho do homem, que fingiu ignorar. Sendo assim, Demetria sentiu o ódio a dominar e teve vontade de grunhir de raiva. Por ser boba, por ter tido esperança em um homem. Por ter pensado que ele poderia ser diferente. E por esse mesmo motivo, teve vontade de chorar de desgosto. Estava sozinha. Nunca conseguiria mudar aquela situação em que vivia.
— Covarde! — esbravejou e seu grito acertou o ego do homem, que apenas pôs o cavalo para correr, sumindo na noite. Demetria respirou fundo, se recompondo.
Mais tarde, sozinha em seu quarto, liberou as lágrimas.
O salão de cerimônias da cidade já estava cheio. Parecia uma festa comum, apenas para reunir a alta sociedade. Porém, todos sabiam que o principal objetivo era arranjar casamentos lucrativos. Os poderosos e ricos levavam suas filhas desde os 15 anos para expô-las aos homens solteiros.
O senhor Lovato era um desses, fazendo com que Demetria detestasse aquilo.
— Ei, desfaça essa face! - sua mãe a repreendeu discretamente. — É por causa dela que você está frequentando esse lugar pela nona vez e ainda não arranjou marido.
— Então estou no caminho certo.
— Deixe ela, meu bem — o senhor Lovato disse, vendo que a esposa ficara aborrecida. Dirigiu-se às outras filhas. — Minhas meninas, já sabem o que fazer, sim?
As três mulheres assentiram, arrancando um sorriso do pai. Demetria teve vontade de morrer ao ver a cena. Não suportava o interesse dos pais em cima das irmãs, influenciando-as a se oferecerem aos homens ricos e nojentos por dentro. Algumas vezes, por fora também.
Adentraram no salão e foram obrigados a cumprimentar muitas pessoas.
Sentaram-se à mesa que havia sido reservada para a família. Demi logo se levantou quando os pretendentes começaram a convidar as donzelas para a dança. Fez o mesmo trajeto que fazia há nove anos nesse momento.
— Olá, bela! — Demetria cumprimentou a amiga, que sorriu desanimada. — Por que essa tristeza?
— Talvez porque meu pai tenha arranjado meu futuro marido.
— Oh, isso é péssimo! - a morena lamentou pela amiga. O pai de Selena conseguia ser cinco vezes pior que o seu nos quesitos casamento, ignorância e machismo. - Mas não se deixe abater, eu arrumo um plano.
— Conte-me, como foi com o Cavaleiro?
— Frustrante. Ele não é quem nós pensavamos.
A amiga a olhou confusa e antes que pudesse perguntar algo mais, seu pai a chamou até a mesa. Suspirou e Demi a incentivou ir, dariam um jeito caso algo acontecesse.
Depois de dar voltas, a morena também voltou para a mesa de seus pais.
— Já temos alguma Lovato noiva?
— Quase! - Dianna respondeu, a ponto de explodir de felicidade. — deixou o filho de Juan Bravolta encantado!
— Oh, Rose! Isso é verdade?
— Não te preocupe — a irmã mais velha tranquilizou Demetria, sorrindo. — Tu sabes que eu nasci pra ser submissa e não me importo.
— Oh, você quer me matar de tristeza?!
Uns minutos depois, o senhor Lovato se juntou à família, contando os principais assuntos da festa.
O cantor já havia anunciado que os rapazes podiam novamente convidar as damas. Demetria revirou os olhos, mas continuou em seu lugar.
— Oh, ele está vindo para cá! Postura, sorriso, simpatia, meninas.
— Quem, mamãe?! - Ariela perguntou em meio ao sorriso forçado. Seu pai indicou com a cabeça o rapaz que vinha na direção deles.
— Filho único, o pai morreu e ele herdou tudo. Rico, jovem, solteiro e já participa da reunião dos maiores fazendeiros.
Demetria teve vontade de vomitar ao ouvir o pai detalhar o homem daquele jeito.
— Rose, conserte a portura! Com certeza é você quem ele vai tirar pra dançar.
Todos na mesa concordavam com a mãe, afinal, Rose era uma das mulheres mais linda da cidade. Loira, grandes olhos azuis e corpo escultural.
— Senhor e senhora Lovato. Senhoritas. — o homem os cumprimentou educadamente, curvando-se, e deixou as três filhas de Diana encantadas.
Tom se levantou para cumprimentar o cavalheiro.
— O senhor me permite tirar uma de suas filhas para dançar?
“Ele permite que tire todas." Demetria pensou e riu mentalmente.
— É claro! Rose est--
— Oh, não por agora! Eu gostaria que Demetria me desse a honra de sua companhia e dançasse comigo.
Todos ficaram tão chocados quanto a morena, que pensou ter ouvido errado. Mas havia sido real, pois a mão dele estava estendida na sua frente. Um chute de sua mãe a fez acordar e pôr a mão sobre a dele.
— Jonas. Joseph Jonas — ele se apresentou e depositou um beijo na mão dela. - Joe para a senhorita.
Os quatro encaravam a situação nunca presenciada, estupefatos. Demetria queria jogar sua bebida nele para que saísse dali.
— Perdoe-me, senhor Jonas, mas não gosto de dançar.
— Sem problemas — ele sorriu e ela ficou aliviada por ter sido fácil despachar o homem. - Podemos fazer o que a senhorita quiser.
— Eu não quero faze--
— Que tal uma volta? — Dianna interrompeu a filha, desesperada, quase levantando-se do seu lugar pra empurrar Demetria.
— Eu acho ótimo — Joseph concordou, fazendo a morena odiá-lo por sua insistência. Ofereceu a ela o braço para que pudessem ir.
— Vá, Demetria! — o quase grito furioso de sua mãe a fez levantar brava. Joseph sorriu satisfeito. A mulher ignorou o braço dele, pisando forte na frente, sem espera-lo.
Joseph só conseguiu alcançar Demetria quando ela parou na varanda. Pegou duas taças da bandeja do servente, enquanto caminhava até a morena.
— A senhorita está brava pelo convite? — perguntou, entregando a bebida. Encostou-se no mármore como ela. Demi abriu um sorriso irônico.
— Como o senhor é perceptivo, não?
— E gentil. Desde quando um cavalheiro não a tira pra dançar? — perguntou provocador, e Demi levantou as sobrancelhas, não esperando por aquilo. Agora estava mais enfezada ainda. — Não precisa responder, é certo de que não se lembra.
— E o senhor está sendo tão evitado que só lhe restou a mim? Pois eu preferia estar com os porcos.
Ele riu, aproximando-se dela.
— Não seja por isso. Tenho vários porcos em minha fazenda, quando quiser, será bem-vinda.
— Certamente irei — respondeu entediada, revirando os olhos, enquanto bebia o último gole de sua taça.
— Avise-me, assim deixarei que me sirva e tente me conquistar mostrando que é prendada.
A frase dita a fez estremecer de raiva. Como odiava todos os homens! Não havia um sequer que pensasse na mulher como uma outra personalidade, senão escrava, submissa.
— É só isso que tu pensas, não é mesmo? Que as mulheres são objetos que servem para expor e manipular. Se os homens fossem mesmo integros como se autodominam, perceberiam a nossa utilidade.
— Ora essa, que discurso é esse? Não deveria sair por aí proferindo tudo isso em um lugar como este. E quem disse que as mulheres não são úteis?
— Não só para o que os senhores querem — respondeu e por pouco não disse mais. Ele estava certo, não podia jogar seus conceitos dessa forma. Se soubessem dos seus ideais contrários ao de Aruaz, poderiam fazer mal a ela. — Aliás, os homens também são muito úteis. O senhor, por exemplo, serve para ser inconveniente e importuno.
Joseph riu com gosto. Quanto mais brava ela ficava, o encantava. Aproximou-se bastante dessa vez.
— O veneno escorrendo pelo canto de seus lábios me parece agradável — ele disse, fitando a boca rosada. Logo voltou a encara-la. Demi ameaçou falar, mas Joseph foi mais rápido, selando seus lábios. Ele não queria um beijo de língua, apenas saboreou os lábios que pareciam aveludados e os chupou deliciosamente, a fim de arrancar toda gota do “veneno“.
A mulher se afastou aborrecida e acertou um tapa na face do homem. Pelo estalo havia doído. Joseph levou a mão à face, sentindo sua bochecha esquerda queimar.
— Nunca mais ouse fazer isso. Tenho nojo de ti.
Ela voltou como um furacão ao salão, e evitou ir para a mesa dos seus pais, pois não queria responder nada sobre o detestável homem que acabara de conhecer.
A sociedade completamente submissa, sofria com o poder concentrado na mão desses homens, que só visavam os seus interesses. Cidadãos cansados da situação, mas acovardados demais para tomarem alguma atitude.
Eis que surge um homem corajoso e destemido, que os senhores pensavam não passar de um mito. O Cavaleiro da Escuridão aparece para fazê-los conhecer as trevas e acabar com a injustiça. As más línguas dizem que ele é um bandido; as carentes, um herói. Mas a verdade é que o Cavaleiro é apenas um homem de valores diferentes e bons princípios.
Um segundo foi o tempo suficiente para que o silêncio da noite, na estrada de terra, fosse cortado por galopadas rápidas. O cavalo negro cavalgava rapidamente, levantando poeira. O homem pôde ouvir a correria dos escravos, que era também o anúncio de dever cumprido.
Assim que já estava afastado da fazenda, onde estivera há pouco, diminuiu a velocidade, quase parando. Mas seu momento de tranquilidade não durou muito, no momento em que avistou que um pouco à frente, alguém o observava.
Intrigado, fez com que Escuridão corresse o mais rápido possível, quando o espião começou a fugir.
Em uma corrida de cavalos em plena madrugada, os dois corriam os mais rápido que podiam. Um com medo do que poderia acontecer; o outro, por curiosidade.
— Vamos, vamos, Florence — o observador murmurou desesperado para a égua, percebendo que o temido Cavaleiro Negro se aproximava.
Mas seus esforços não foram suficientes, pois Escuridão ganhou mais velocidade e se pôs na frente de Florence. A égua relinchou, sendo obrigada a parar e derrubando seu condutor.
O baque no chão foi forte e o observador não conseguiu se recompor a tempo de fugir. O cavaleiro negro já estava à sua frente, com a espada apontada para o caído.
— Quem és tu? — a voz abafada pelo pano que cobria sua boca era grossa e medonha. Não obteve resposta, o que o deixou impaciente. — Eu fiz uma pergunta!
Sem respostas novamente. O cavaleiro enfurecido puxou o caído pelo braço, fazendo com que ele se levantasse, mas largou assim que ouviu o gemido de dor afeminado. Sua feição se tornou confusa.
Arrancou o chapéu e a bandana da pessoa, e se surpreendeu quando as madeixas negras caíram sobre os ombros e o rosto delicado da mulher foi revelado. O homem a fitou transtornado.
— Por favor, não me machuque — ela implorou, e os olhos azuis transpassavam dor. O cavaleiro achou estar louco, nunca havia visto nada do tipo. Uma mulher nas roupas de um homem, uma mulher àquela hora numa estrada, uma mulher cavalgando.
— Qual o seu nome?
— Demetria. Demetria Lovato.
O homem ainda não entendia o que a filha do fazendeiro rico fazia por ali. Melhor, por que o espionava.
— O que tu fazes aqui?
— Precisava descobrir se o Cavaleiro Negro era uma lenda — respondeu, abrindo um pequeno sorriso, enquanto se levantava com cuidado. Ele apenas observou cada movimento. Demetria ameaçou encostar a mão nele e, como um ato reflexo, o Cavaleiro impediu se defendendo. Girou a mulher pela mão e a prensou contra seu corpo, com a espada em seu pescoço. Demetria soltou outro gemido baixo, mas dessa vez sorrindo, sentindo a respiração dele em sua nuca e o peitoral em suas costas. — É, você é de carne e osso.
— Como sabias que me encontraria aqui hoje? — perguntou, soltando-a, quando percebeu que havia se exaltado.
— Fiz as contas - deu de ombros, mas se arrependeu por causa das dores. — Associei seus ataques, o tempo entre eles. E arrisco a dizer que a próxima fazenda a ser atacada pelo Cavaleiro, é a de meu pai. Por isso, me ofereço para ajudá-lo, já que tenho acesso às chaves e conheço aquele terreno como a palma da minha mão.
—Tu és louca! — ele concluiu, dando uma risada baixa e balançando a cabeça em negação. O homem guardou a espada, e montou novamente em seu cavalo. Demetria o encarava com a sobrancelha erguida. Não estava acreditando que o homem a deixaria ali, plantada, sem resposta alguma. — Nunca precisei de ajuda, volte para casa.
— Admiro o que tu fazes pelos carentes e escravos. Gostaria muito de poder fazer o mesmo, nem que seja algo bobo.
— Não preciso da ajuda de uma--
— De uma o quê? Mulher?! — ela interrompeu enfezada, e o homem apenas ouviu, enquanto Escuridão andava calmamente. Demetria sentiu a frustração a consumir, ao constatar que o homem à sua frente tinha os mesmos valores de todos os outros, quando virou às costas. — É decepcionante constatar que o temido e admirável Cavaleiro Negro não passa de mais um homem repugnante, apesar de seus feitos. Em sua mente há os mesmos preconceitos que a sociedade impõe.
Suas palavras não reverteram o caminho do homem, que fingiu ignorar. Sendo assim, Demetria sentiu o ódio a dominar e teve vontade de grunhir de raiva. Por ser boba, por ter tido esperança em um homem. Por ter pensado que ele poderia ser diferente. E por esse mesmo motivo, teve vontade de chorar de desgosto. Estava sozinha. Nunca conseguiria mudar aquela situação em que vivia.
— Covarde! — esbravejou e seu grito acertou o ego do homem, que apenas pôs o cavalo para correr, sumindo na noite. Demetria respirou fundo, se recompondo.
Mais tarde, sozinha em seu quarto, liberou as lágrimas.
O salão de cerimônias da cidade já estava cheio. Parecia uma festa comum, apenas para reunir a alta sociedade. Porém, todos sabiam que o principal objetivo era arranjar casamentos lucrativos. Os poderosos e ricos levavam suas filhas desde os 15 anos para expô-las aos homens solteiros.
O senhor Lovato era um desses, fazendo com que Demetria detestasse aquilo.
— Ei, desfaça essa face! - sua mãe a repreendeu discretamente. — É por causa dela que você está frequentando esse lugar pela nona vez e ainda não arranjou marido.
— Então estou no caminho certo.
— Deixe ela, meu bem — o senhor Lovato disse, vendo que a esposa ficara aborrecida. Dirigiu-se às outras filhas. — Minhas meninas, já sabem o que fazer, sim?
As três mulheres assentiram, arrancando um sorriso do pai. Demetria teve vontade de morrer ao ver a cena. Não suportava o interesse dos pais em cima das irmãs, influenciando-as a se oferecerem aos homens ricos e nojentos por dentro. Algumas vezes, por fora também.
Adentraram no salão e foram obrigados a cumprimentar muitas pessoas.
Sentaram-se à mesa que havia sido reservada para a família. Demi logo se levantou quando os pretendentes começaram a convidar as donzelas para a dança. Fez o mesmo trajeto que fazia há nove anos nesse momento.
— Olá, bela! — Demetria cumprimentou a amiga, que sorriu desanimada. — Por que essa tristeza?
— Talvez porque meu pai tenha arranjado meu futuro marido.
— Oh, isso é péssimo! - a morena lamentou pela amiga. O pai de Selena conseguia ser cinco vezes pior que o seu nos quesitos casamento, ignorância e machismo. - Mas não se deixe abater, eu arrumo um plano.
— Conte-me, como foi com o Cavaleiro?
— Frustrante. Ele não é quem nós pensavamos.
A amiga a olhou confusa e antes que pudesse perguntar algo mais, seu pai a chamou até a mesa. Suspirou e Demi a incentivou ir, dariam um jeito caso algo acontecesse.
Depois de dar voltas, a morena também voltou para a mesa de seus pais.
— Já temos alguma Lovato noiva?
— Quase! - Dianna respondeu, a ponto de explodir de felicidade. — deixou o filho de Juan Bravolta encantado!
— Oh, Rose! Isso é verdade?
— Não te preocupe — a irmã mais velha tranquilizou Demetria, sorrindo. — Tu sabes que eu nasci pra ser submissa e não me importo.
— Oh, você quer me matar de tristeza?!
Uns minutos depois, o senhor Lovato se juntou à família, contando os principais assuntos da festa.
O cantor já havia anunciado que os rapazes podiam novamente convidar as damas. Demetria revirou os olhos, mas continuou em seu lugar.
— Oh, ele está vindo para cá! Postura, sorriso, simpatia, meninas.
— Quem, mamãe?! - Ariela perguntou em meio ao sorriso forçado. Seu pai indicou com a cabeça o rapaz que vinha na direção deles.
— Filho único, o pai morreu e ele herdou tudo. Rico, jovem, solteiro e já participa da reunião dos maiores fazendeiros.
Demetria teve vontade de vomitar ao ouvir o pai detalhar o homem daquele jeito.
— Rose, conserte a portura! Com certeza é você quem ele vai tirar pra dançar.
Todos na mesa concordavam com a mãe, afinal, Rose era uma das mulheres mais linda da cidade. Loira, grandes olhos azuis e corpo escultural.
— Senhor e senhora Lovato. Senhoritas. — o homem os cumprimentou educadamente, curvando-se, e deixou as três filhas de Diana encantadas.
Tom se levantou para cumprimentar o cavalheiro.
— O senhor me permite tirar uma de suas filhas para dançar?
“Ele permite que tire todas." Demetria pensou e riu mentalmente.
— É claro! Rose est--
— Oh, não por agora! Eu gostaria que Demetria me desse a honra de sua companhia e dançasse comigo.
Todos ficaram tão chocados quanto a morena, que pensou ter ouvido errado. Mas havia sido real, pois a mão dele estava estendida na sua frente. Um chute de sua mãe a fez acordar e pôr a mão sobre a dele.
— Jonas. Joseph Jonas — ele se apresentou e depositou um beijo na mão dela. - Joe para a senhorita.
Os quatro encaravam a situação nunca presenciada, estupefatos. Demetria queria jogar sua bebida nele para que saísse dali.
— Perdoe-me, senhor Jonas, mas não gosto de dançar.
— Sem problemas — ele sorriu e ela ficou aliviada por ter sido fácil despachar o homem. - Podemos fazer o que a senhorita quiser.
— Eu não quero faze--
— Que tal uma volta? — Dianna interrompeu a filha, desesperada, quase levantando-se do seu lugar pra empurrar Demetria.
— Eu acho ótimo — Joseph concordou, fazendo a morena odiá-lo por sua insistência. Ofereceu a ela o braço para que pudessem ir.
— Vá, Demetria! — o quase grito furioso de sua mãe a fez levantar brava. Joseph sorriu satisfeito. A mulher ignorou o braço dele, pisando forte na frente, sem espera-lo.
Joseph só conseguiu alcançar Demetria quando ela parou na varanda. Pegou duas taças da bandeja do servente, enquanto caminhava até a morena.
— A senhorita está brava pelo convite? — perguntou, entregando a bebida. Encostou-se no mármore como ela. Demi abriu um sorriso irônico.
— Como o senhor é perceptivo, não?
— E gentil. Desde quando um cavalheiro não a tira pra dançar? — perguntou provocador, e Demi levantou as sobrancelhas, não esperando por aquilo. Agora estava mais enfezada ainda. — Não precisa responder, é certo de que não se lembra.
— E o senhor está sendo tão evitado que só lhe restou a mim? Pois eu preferia estar com os porcos.
Ele riu, aproximando-se dela.
— Não seja por isso. Tenho vários porcos em minha fazenda, quando quiser, será bem-vinda.
— Certamente irei — respondeu entediada, revirando os olhos, enquanto bebia o último gole de sua taça.
— Avise-me, assim deixarei que me sirva e tente me conquistar mostrando que é prendada.
A frase dita a fez estremecer de raiva. Como odiava todos os homens! Não havia um sequer que pensasse na mulher como uma outra personalidade, senão escrava, submissa.
— É só isso que tu pensas, não é mesmo? Que as mulheres são objetos que servem para expor e manipular. Se os homens fossem mesmo integros como se autodominam, perceberiam a nossa utilidade.
— Ora essa, que discurso é esse? Não deveria sair por aí proferindo tudo isso em um lugar como este. E quem disse que as mulheres não são úteis?
— Não só para o que os senhores querem — respondeu e por pouco não disse mais. Ele estava certo, não podia jogar seus conceitos dessa forma. Se soubessem dos seus ideais contrários ao de Aruaz, poderiam fazer mal a ela. — Aliás, os homens também são muito úteis. O senhor, por exemplo, serve para ser inconveniente e importuno.
Joseph riu com gosto. Quanto mais brava ela ficava, o encantava. Aproximou-se bastante dessa vez.
— O veneno escorrendo pelo canto de seus lábios me parece agradável — ele disse, fitando a boca rosada. Logo voltou a encara-la. Demi ameaçou falar, mas Joseph foi mais rápido, selando seus lábios. Ele não queria um beijo de língua, apenas saboreou os lábios que pareciam aveludados e os chupou deliciosamente, a fim de arrancar toda gota do “veneno“.
A mulher se afastou aborrecida e acertou um tapa na face do homem. Pelo estalo havia doído. Joseph levou a mão à face, sentindo sua bochecha esquerda queimar.
— Nunca mais ouse fazer isso. Tenho nojo de ti.
Ela voltou como um furacão ao salão, e evitou ir para a mesa dos seus pais, pois não queria responder nada sobre o detestável homem que acabara de conhecer.
♧♡♧♢
Olá! Knight of Darkness finalmente estreou. Yeah! E eu estou muito animada para saber o que vocês acharam!!! É super importante para mim que aprovem.
Ah, um beijo Jemi no primeiro capítulo!!! Isso é um milagre, não é mesmo?! Hahaha. Quem me acompanha (e sofre ) desde as fics passada, sabe que eu demoro.
Mas é isso aí! Esse meu Joe sedutor chega logo chegando e beija no canto da boca.
Bom, chega de blá blá blá. Deixe sua opinião ou reclamação nos comentários.
Beijos da Luna ♡
Comentários respondidos!
Comentários respondidos!
Caaracaaa, Muleque... Que Fic! Que isso?~~lê Thiaguinho das Fics..
ResponderExcluirsuahshahsuhuahshausu
Na verdade não gosto muito dele, mas foi a única coisa que veio na minha cabeça quando terminei de ler.
"Caraca, o que é isso que eu to lendo?"
P-E-R-F-E-I-T-O
OMG...
To morrendooo..Caindo pelos cantos com isso tudo. Adorei. É demais. É..Noossa. Sem palavras.
POSTAAAAAA...
Quero maais, logo...u.u
Beijinhoos
<3
Hahah, eu também mencionei ele.
Excluir"Chego chegando, beijo no canto da boca."
"Caraça, muleke!"
"O nosso lema é ousadia e alegria." BARBOSA, Thiaguinho.
Daqui a pouco ele está em provas que nem a Valesca.
Sim, também não curto (pagode quero longe de mim, hah), mas sempre brinco.
E nossa, seu comentário me deixou super feliz! Sério!
A primeira, hein?! Hah. Eu tô adorando escrever essa fic e fico mais inspirada ainda quando vcs gostam. <3
Muito obrigada, Mari linda! Mesmo!
Beijos <3
Gostei habsjsjs, já vi que o Joe gosta de ser maltratado né uheuheueh
ResponderExcluirFics na idade média são sempre um sonho pra mim pq eu queria ter nascido nessa época, imagina cavalos, reis e rainhas, bosques.. Seria um conto de fadas kkkkkkk
Já ta maravilhoso e sei que vou gostar muito, embora eu estivesse com expectativas de smcg.. Quero logo os próximos capítulos T.T daqui a tres meses talvez eu tenha o capítulo dois auehauhsudhduccj brincadeira (ou não
Posta logo!!!! E desculpa comentar tão depois ajsnjsjd
Beijãooooo
Thais, minha gata! Sim, acho que estou fissurada nisso do Joe ser maltratado, pois já é a segunda fic assim, hah.
ExcluirAi, nem fala, adoro essas épocas! A fic está mais para os séculos 18/19.
Também queria ter vivido e ter um casamento arranjado, hah. Arrumaria logo um duque ou conde para fugir e viver um amor proibido.
Espero que goste mesmo, pois você é sempre tão presente. Mais presente que eu nesse blog, hah. <3
E quanto a SIMCG, eu deixei a sinopse dela no post "Nova fic", você viu? Se você gostar, eu posso postar junto com KOD, pois o destino dela é o lixo, hah.
Depois vá lá ver! Só não sei se alcançaria as suas expectativas.
Hahah, quase acertou, hein?! Mas demorei três dias! Uhul!
Sabe qual o nome disso?! Férias! Amo!
Muitíssimo obrigada por estar sempre comentando e movimentando o chat, hah. É muito bom ler isso, eu amo e fico muito feliz.
Obrigada mesmo, gata.
Beijão <3
Amor história de época, só de imaginar a Demi em daqueles vestidos rodados meu coração pula, agora ela é o Joe então me sinto no céu haha, Joe safadinho gosta de irritar a Demi.. Posta logo
ResponderExcluirEi, lindona! Siiim, eu também adoro!
ExcluirE os looks dos homens?! São mara também! Sem contar os vestidos que imagino na Demi, hah.
Sim, esse Joe é sedutor também. Ele está a provocando como um testezinho que vcs logo entenderão. Mas ele é um gentleman!!! Adoro, hah.
Obrigada por comentar, obrigada, obrigada!
Beijinhos <3