Capítulo 1

A cidade de Aruaz ficava um pouco afastada das outras cidades, sendo cercada por uma floresta. O difícil contato com a capital, fazia com que os os grandes fazendeiros da região tomassem decisões, formando um grupo clandestino.
A sociedade completamente submissa, sofria com o poder concentrado na mão desses homens, que só visavam os seus interesses. Cidadãos cansados da situação, mas acovardados demais para tomarem alguma atitude.
Eis que surge um homem corajoso e destemido, que os senhores pensavam não passar de um mito. O Cavaleiro da Escuridão aparece para fazê-los conhecer as trevas e acabar com a injustiça. As más línguas dizem que ele é um bandido; as carentes, um herói. Mas a verdade é que o Cavaleiro é apenas um homem de valores diferentes e bons princípios. 

Um segundo foi o tempo suficiente para que o silêncio da noite, na estrada de terra, fosse cortado por galopadas rápidas. O cavalo negro cavalgava rapidamente, levantando poeira. O homem pôde ouvir a correria dos escravos, que era também o anúncio de dever cumprido.

Assim que já estava afastado da fazenda, onde estivera há pouco, diminuiu a velocidade, quase parando. Mas seu momento de tranquilidade não durou muito, no momento em que avistou que um pouco à frente, alguém o observava.
Intrigado, fez com que Escuridão corresse o mais rápido possível, quando o espião começou a fugir.
Em uma corrida de cavalos em plena madrugada, os dois corriam os mais rápido que podiam. Um com medo do que poderia acontecer; o outro, por curiosidade.
 Vamos, vamos, Florence  o observador murmurou desesperado para a égua, percebendo que o temido Cavaleiro Negro se aproximava.
Mas seus esforços não foram suficientes, pois Escuridão ganhou mais velocidade e se pôs na frente de Florence. A égua relinchou, sendo obrigada a parar e derrubando seu condutor. 
O baque no chão foi forte e o observador não conseguiu se recompor a tempo de fugir. O cavaleiro negro já estava à sua frente, com a espada apontada para o caído.
— Quem és tu?  a voz abafada pelo pano que cobria sua boca era grossa e medonha. Não obteve resposta, o que o deixou impaciente. — Eu fiz uma pergunta!
Sem respostas novamente. O cavaleiro enfurecido puxou o caído pelo braço, fazendo com que ele se levantasse, mas largou assim que ouviu o gemido de dor afeminado. Sua feição se tornou confusa.
Arrancou o chapéu e a bandana da pessoa, e se surpreendeu quando as madeixas negras caíram sobre os ombros e o rosto delicado da mulher foi revelado. O homem a fitou transtornado. 
— Por favor, não me machuque — ela implorou, e os olhos azuis transpassavam dor. O cavaleiro achou estar louco, nunca havia visto nada do tipo. Uma mulher nas roupas de um homem, uma mulher àquela hora numa estrada, uma mulher cavalgando.
 Qual o seu nome?
— Demetria. Demetria Lovato. 
O homem ainda não entendia o que a filha do fazendeiro rico fazia por ali. Melhor, por que o espionava.
 O que tu fazes aqui?
— Precisava descobrir se o Cavaleiro Negro era uma lenda  respondeu, abrindo um pequeno sorriso, enquanto se levantava com cuidado. Ele apenas observou cada movimento. Demetria ameaçou encostar a mão nele e, como um ato reflexo, o Cavaleiro impediu se defendendo. Girou a mulher pela mão e a prensou contra seu corpo, com a espada em seu pescoço. Demetria soltou outro gemido baixo, mas dessa vez sorrindo, sentindo a respiração dele em sua nuca e o peitoral em suas costas.  É, você é de carne e osso.
 Como sabias que me encontraria aqui hoje?  perguntou, soltando-a, quando percebeu que havia se exaltado.
 Fiz as contas - deu de ombros, mas se arrependeu por causa das dores.  Associei seus ataques, o tempo entre eles. E arrisco a dizer que a próxima fazenda a ser atacada pelo Cavaleiro, é a de meu pai. Por isso, me ofereço para ajudá-lo, já que tenho acesso às chaves e conheço aquele terreno como a palma da minha mão.
Tu és louca!  ele concluiu, dando uma risada baixa e balançando a cabeça em negação. O homem guardou a espada, e montou novamente em seu cavalo. Demetria o encarava com a sobrancelha erguida. Não estava acreditando que o homem a deixaria ali, plantada, sem resposta alguma.  Nunca precisei de ajuda, volte para casa.
 Admiro o que tu fazes pelos carentes e escravos. Gostaria muito de poder fazer o mesmo, nem que seja algo bobo.
 Não preciso da ajuda de uma--
 De uma o quê? Mulher?!  ela interrompeu enfezada, e o homem apenas ouviu, enquanto Escuridão andava calmamente. Demetria sentiu a frustração a consumir, ao constatar que o homem à sua frente tinha os mesmos valores de todos os outros, quando virou às costas.  É decepcionante constatar que o temido e admirável Cavaleiro Negro não passa de mais um homem repugnante, apesar de seus feitos. Em sua mente há os mesmos preconceitos que a sociedade impõe.
Suas palavras não reverteram o caminho do homem, que fingiu ignorar. Sendo assim, Demetria sentiu o ódio a dominar e teve vontade de grunhir de raiva. Por ser boba, por ter tido esperança em um homem. Por ter pensado que ele poderia ser diferente. E por esse mesmo motivo, teve vontade de chorar de desgosto. Estava sozinha. Nunca conseguiria mudar aquela situação em que vivia. 
 Covarde! — esbravejou e seu grito acertou o ego do homem, que apenas pôs o cavalo para correr, sumindo na noite. Demetria respirou fundo, se recompondo. 
Mais tarde, sozinha em seu quarto, liberou as lágrimas. 


O salão de cerimônias da cidade já estava cheio. Parecia uma festa comum, apenas para reunir a alta sociedade. Porém, todos sabiam que o principal objetivo era arranjar casamentos lucrativos. Os poderosos e ricos levavam suas filhas desde os 15 anos para expô-las aos homens solteiros. 

O senhor Lovato era um desses, fazendo com que Demetria detestasse aquilo. 
 Ei, desfaça essa face! - sua mãe a repreendeu discretamente.  É por causa dela que você está frequentando esse lugar pela nona vez e ainda não arranjou marido.
 Então estou no caminho certo.
 Deixe ela, meu bem  o senhor Lovato disse, vendo que a esposa ficara aborrecida. Dirigiu-se às outras filhas.  Minhas meninas, já sabem o que fazer, sim?
As três mulheres assentiram, arrancando um sorriso do pai. Demetria teve vontade de morrer ao ver a cena. Não suportava o interesse dos pais em cima das irmãs, influenciando-as a se oferecerem aos homens ricos e nojentos por dentro. Algumas vezes, por fora também. 
Adentraram no salão e foram obrigados a cumprimentar muitas pessoas. 
Sentaram-se à mesa que havia sido reservada para a família. Demi logo se levantou quando os pretendentes começaram a convidar as donzelas para a dança. Fez o mesmo trajeto que fazia há nove anos nesse momento.
— Olá, bela!  Demetria cumprimentou a amiga, que sorriu desanimada.  Por que essa tristeza?
 Talvez porque meu pai tenha arranjado meu futuro marido. 
 Oh, isso é péssimo! - a morena lamentou pela amiga. O pai de Selena conseguia ser cinco vezes pior que o seu nos quesitos casamento, ignorância e machismo. - Mas não se deixe abater, eu arrumo um plano.
 Conte-me, como foi com o Cavaleiro? 
 Frustrante. Ele não é quem nós pensavamos.
A amiga a olhou confusa e antes que pudesse perguntar algo mais, seu pai a chamou até a mesa. Suspirou e Demi a incentivou ir, dariam um jeito caso algo acontecesse.
Depois de dar voltas, a morena também voltou para a mesa de seus pais. 
— Já temos alguma Lovato noiva?
 Quase! - Dianna respondeu, a ponto de explodir de felicidade.   deixou o filho de Juan Bravolta encantado! 
 Oh, Rose! Isso é verdade?
 Não te preocupe  a irmã mais velha tranquilizou Demetria, sorrindo.  Tu sabes que eu nasci pra ser submissa e não me importo.
— Oh, você quer me matar de tristeza?! 
Uns minutos depois, o senhor Lovato se juntou à família, contando os principais assuntos da festa. 
O cantor já havia anunciado que os rapazes podiam novamente convidar as damas. Demetria revirou os olhos, mas continuou em seu lugar.
 Oh, ele está vindo para cá! Postura, sorriso, simpatia, meninas.
 Quem, mamãe?! - Ariela perguntou em meio ao sorriso forçado. Seu pai indicou com a cabeça o rapaz que vinha na direção deles.
 Filho único, o pai morreu e ele herdou tudo. Rico, jovem, solteiro e já participa da reunião dos maiores fazendeiros.
Demetria teve vontade de vomitar ao ouvir o pai detalhar o homem daquele jeito.
 Rose, conserte a portura! Com certeza é você quem ele vai tirar pra dançar.
Todos na mesa concordavam com a mãe, afinal, Rose era uma das mulheres mais linda da cidade. Loira, grandes olhos azuis e corpo escultural.
 Senhor e senhora Lovato. Senhoritas.  o homem os cumprimentou educadamente, curvando-se, e deixou as três filhas de Diana encantadas.
Tom se levantou para cumprimentar o cavalheiro.
— O senhor me permite tirar uma de suas filhas para dançar? 
“Ele permite que tire todas." Demetria pensou e riu mentalmente.
— É claro! Rose est--
 Oh, não por agora! Eu gostaria que Demetria me desse a honra de sua companhia e dançasse comigo.
Todos ficaram tão chocados quanto a morena, que pensou ter ouvido errado. Mas havia sido real, pois a mão dele estava estendida na sua frente. Um chute de sua mãe a fez acordar e pôr a mão sobre a dele.
 Jonas. Joseph Jonas — ele se apresentou e depositou um beijo na mão dela. - Joe para a senhorita.
Os quatro encaravam a situação nunca presenciada, estupefatos. Demetria queria jogar sua bebida nele para que saísse dali.
 Perdoe-me, senhor Jonas, mas não gosto de dançar.
 Sem problemas  ele sorriu e ela ficou aliviada por ter sido fácil despachar o homem. - Podemos fazer o que a senhorita quiser. 
 Eu não quero faze--
 Que tal uma volta?  Dianna interrompeu a filha, desesperada, quase levantando-se do seu lugar pra empurrar Demetria.
 Eu acho ótimo  Joseph concordou, fazendo a morena odiá-lo por sua insistência. Ofereceu a ela o braço para que pudessem ir.
 Vá, Demetria!  o quase grito furioso de sua mãe a fez levantar brava. Joseph sorriu satisfeito. A mulher ignorou o braço dele, pisando forte na frente, sem espera-lo. 
Joseph só conseguiu alcançar Demetria quando ela parou na varanda. Pegou duas taças da bandeja do servente, enquanto caminhava até a morena.
 A senhorita está brava pelo convite?  perguntou, entregando a bebida. Encostou-se no mármore como ela. Demi abriu um sorriso irônico.
 Como o senhor é perceptivo, não? 
 E gentil. Desde quando um cavalheiro não a tira pra dançar? — perguntou provocador,  e Demi levantou as sobrancelhas, não esperando por aquilo. Agora estava mais enfezada ainda.  Não precisa responder, é certo de que não se lembra.
— E o senhor está sendo tão evitado que só lhe restou a mim? Pois eu preferia estar com os porcos.
Ele riu, aproximando-se dela. 
 Não seja por isso. Tenho vários porcos em minha fazenda, quando quiser, será bem-vinda.
 Certamente irei  respondeu entediada, revirando os olhos, enquanto bebia o último gole de sua taça. 
 Avise-me, assim deixarei que me sirva e tente me conquistar mostrando que é prendada.
A frase dita a fez estremecer de raiva. Como odiava todos os homens! Não havia um sequer que pensasse na mulher como uma outra personalidade, senão escrava, submissa. 
 É só isso que tu pensas, não é mesmo? Que as mulheres são objetos que servem para expor e manipular.  Se os homens fossem mesmo integros como se autodominam, perceberiam a nossa utilidade. 
 Ora essa, que discurso é esse? Não deveria sair por aí proferindo tudo isso em um lugar como este. E quem disse que as mulheres não são úteis? 
— Não só para o que os senhores querem  respondeu e por pouco não disse mais. Ele estava certo, não podia jogar seus conceitos dessa forma. Se soubessem dos seus ideais contrários ao de Aruaz, poderiam fazer mal a ela.  Aliás, os homens também são muito úteis. O senhor, por exemplo, serve para ser inconveniente e importuno.
Joseph riu com gosto. Quanto mais brava ela ficava, o encantava. Aproximou-se bastante dessa vez.
— O veneno escorrendo pelo canto de seus lábios me parece agradável  ele disse, fitando a boca rosada. Logo voltou a encara-la. Demi ameaçou falar, mas Joseph foi mais rápido, selando seus lábios. Ele não queria um beijo de língua, apenas saboreou os lábios que pareciam aveludados e os chupou deliciosamente, a fim de arrancar toda gota do “veneno“.
A mulher se afastou aborrecida e acertou um tapa na face do homem. Pelo estalo havia doído. Joseph levou a mão à face, sentindo sua bochecha esquerda queimar.
 Nunca mais ouse fazer isso. Tenho nojo de ti. 
Ela voltou como um furacão ao salão, e evitou ir para a mesa dos seus pais, pois não queria responder nada sobre o detestável homem que acabara de conhecer. 


                                                  ♧

Olá! Knight of Darkness finalmente estreou. Yeah! E eu estou muito animada para saber o que vocês acharam!!! É super importante para mim que aprovem.
Ah, um beijo Jemi no primeiro capítulo!!! Isso é um milagre, não é mesmo?! Hahaha. Quem me acompanha (e sofre ) desde as fics passada, sabe que eu demoro. 
Mas é isso aí! Esse meu Joe sedutor chega logo chegando e beija no canto da boca.
Bom, chega de blá blá blá. Deixe sua opinião ou reclamação nos comentários. 
Beijos da Luna ♡

Comentários respondidos!

Comentários

  1. Caaracaaa, Muleque... Que Fic! Que isso?~~lê Thiaguinho das Fics..
    suahshahsuhuahshausu
    Na verdade não gosto muito dele, mas foi a única coisa que veio na minha cabeça quando terminei de ler.
    "Caraca, o que é isso que eu to lendo?"
    P-E-R-F-E-I-T-O
    OMG...
    To morrendooo..Caindo pelos cantos com isso tudo. Adorei. É demais. É..Noossa. Sem palavras.

    POSTAAAAAA...
    Quero maais, logo...u.u
    Beijinhoos
    <3

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Hahah, eu também mencionei ele.
      "Chego chegando, beijo no canto da boca."
      "Caraça, muleke!"
      "O nosso lema é ousadia e alegria." BARBOSA, Thiaguinho.
      Daqui a pouco ele está em provas que nem a Valesca.
      Sim, também não curto (pagode quero longe de mim, hah), mas sempre brinco.
      E nossa, seu comentário me deixou super feliz! Sério!
      A primeira, hein?! Hah. Eu tô adorando escrever essa fic e fico mais inspirada ainda quando vcs gostam. <3
      Muito obrigada, Mari linda! Mesmo!
      Beijos <3

      Excluir
  2. Gostei habsjsjs, já vi que o Joe gosta de ser maltratado né uheuheueh
    Fics na idade média são sempre um sonho pra mim pq eu queria ter nascido nessa época, imagina cavalos, reis e rainhas, bosques.. Seria um conto de fadas kkkkkkk
    Já ta maravilhoso e sei que vou gostar muito, embora eu estivesse com expectativas de smcg.. Quero logo os próximos capítulos T.T daqui a tres meses talvez eu tenha o capítulo dois auehauhsudhduccj brincadeira (ou não
    Posta logo!!!! E desculpa comentar tão depois ajsnjsjd
    Beijãooooo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Thais, minha gata! Sim, acho que estou fissurada nisso do Joe ser maltratado, pois já é a segunda fic assim, hah.
      Ai, nem fala, adoro essas épocas! A fic está mais para os séculos 18/19.
      Também queria ter vivido e ter um casamento arranjado, hah. Arrumaria logo um duque ou conde para fugir e viver um amor proibido.
      Espero que goste mesmo, pois você é sempre tão presente. Mais presente que eu nesse blog, hah. <3
      E quanto a SIMCG, eu deixei a sinopse dela no post "Nova fic", você viu? Se você gostar, eu posso postar junto com KOD, pois o destino dela é o lixo, hah.
      Depois vá lá ver! Só não sei se alcançaria as suas expectativas.
      Hahah, quase acertou, hein?! Mas demorei três dias! Uhul!
      Sabe qual o nome disso?! Férias! Amo!
      Muitíssimo obrigada por estar sempre comentando e movimentando o chat, hah. É muito bom ler isso, eu amo e fico muito feliz.
      Obrigada mesmo, gata.
      Beijão <3

      Excluir
  3. Amor história de época, só de imaginar a Demi em daqueles vestidos rodados meu coração pula, agora ela é o Joe então me sinto no céu haha, Joe safadinho gosta de irritar a Demi.. Posta logo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ei, lindona! Siiim, eu também adoro!
      E os looks dos homens?! São mara também! Sem contar os vestidos que imagino na Demi, hah.
      Sim, esse Joe é sedutor também. Ele está a provocando como um testezinho que vcs logo entenderão. Mas ele é um gentleman!!! Adoro, hah.
      Obrigada por comentar, obrigada, obrigada!
      Beijinhos <3

      Excluir

Postar um comentário

O espaço é todo seu.

Postagens mais visitadas