SMCG - 16

Terminei de amarrar meu tênis e levantei, saindo com Tyler, o cachorro de Selena. Cada dia um ficava encarregado de levá-lo para passear de manhã. E hoje o dia era meu.
Segui as ordens da mãe de Selena, deixando o cão me guiar e era impressionante como ele já sabia o caminho. Brinquei um pouco com ele, torcendo para que ele não fizesse suas necessidades na praça. Esta que estava cheia de idosos ou gente louca correndo. Fala sério, correr às 7h?
  - Que cachorrão! Cê morde? - ouvi e virei, percebendo que era comigo. Era Demi. Falando em gente louca correndo, ela fazia parte desse grupo. Todo dia saía cedo para correr. Vai ver era por isso que era tão gostosa.
  - Você já esqueceu? - perguntei, lembrando das mordidas que dei nela há duas noites atrás. Ela nem respondeu, tirando os fones e falando com Tyler. Nós ficamos andando juntos, enquanto o cachorro olhava tudo. Lembrei de algo que havia me deixado curioso. - Minha mãe disse que vocês têm se falado bastante pelo celular, whatsapp...
  - Sim, ela é muito bacana.
  - Eu sei, bacana demais para você ficar mentindo. O que você diz a ela?
  - Isso é ciúme? Que bonitinho - ela perguntou, achando graça e apertando minha bochecha. Se ela fosse um cara levaria um murro agora.Detestava quando Nick e Liam vinham com essa história de ciúme. - Nada demais, coisas de mulheres. E eu não te devo satisfações, fofo.
Ela disse disfarçando, pôs seus fones de novo e me deu um selinho, antes de voltar a correr. Assuntos femininos? Me poupe. Ela não teria fugido à toa se fosse só isso. Mas tudo bem, eu ia descobrir.

Passamos a tarde na piscina, comendo o maravilhoso churrasco do pai de Selena. O recesso estava acabando e isso era triste. Estava na mesa com Miley e Demi, enquanto Nick puxava um saco do pai da namorada e o resto mergulhava. A conversa com Demi de manhã ainda estava na minha cabeça e eu não conseguia parar de pensar em algum plano.
  - Vem, Joseph, a gente precisa de você no time! - Miley chamou e eu recusei, dizendo que tinha comido muito. Ela arrastou Demi e eu quase comemorei. Demi tinha deixado seu celular em cima da mesa e estaria ocupada demais para ver algo.
Fingi estar prestando atenção no jogo deles e peguei o celular de Demi. Me sentia mal em fazer isso, mas logo lembrei que ela havia sequestrado meu celular há um tempo e era apenas uma vingança.
Entrei no seu whatsapp e me contive para não abrir conversas com outros caras. Apertei na janela da minha mãe. Bastante coisa.
Falaram sobre cabelo, sobre mim, almoço, shopping, Dirven e o trabalho da minha mãe. Essas duas últimas coisas me chamaram atenção. Por que Demi estava tão interessada no trabalho da minha mãe? Ela era diretora de um hospital psiquiátrico em Dirven.
  - Que coisa feia, Joseph! - ouvi Nick atrás de mim e larguei o celular na mesa, levando um susto.
  - Cacete, seu otário!
Bloqueei e coloquei no mesmo lugar. Contei para Nick o que vi e também sobre o dia em que fui buscá-la em Dirven.
  - Você não disse que ela adorou os velhinhos naquele passeio? Vai ver ela também gosta de maluco. Demi é ruim, mas faz boa ação.
Era uma boa resposta. Observei Demi jogar com aquela cara de sínica e não me convenci. Ainda iria descobrir.
Quando anoiteceu, Demi me encontrou na sala. Rick, Liam e Miley tinham ido comer em algum fastfood, e eu, Demi, Nick e Selena ficamos. Eu estava estava morto de sono, mas tava esperando o lanche que eles disseram que trariam.
  - Acorda - Demi me chamou, sentada do meu lado e eu abri os olhos. Estávamos vendo um filme pelo notebook e eu cochilei. - Esse sono todo só porque levou Tyler pra passear?
  - Sim, e ainda passei a tarde na piscina. Estou morto - bocejei, encostando a cabeça no ombro dela.
  - Não, acorda.
  - Me mantenha acordado.
Demi então empurrou o notebook pro outro lado, me beijando. Eu correspondi, espantando o sono.
Nós ficamos só assim, curtindo um ao outro, até o pessoal chegar. Aquela situação havia sido estranha, bem típica de namorados. Isso me deixava confuso.


Os pais de Selena me deixaram em casa junto com Demi, pois me ofereci para levá-la mais tarde e ela aceitou. Minha mãe já havia chegado do trabalho e fez questão de arrumar a mesa para lancharmos juntos. Era impressionante como elas já estavam íntimas. Demi fez questão de contar sobre o nosso passeio, deixando minha mãe satisfeita, visto que eu só digo o essencial. Depois que nós retiramos a mesa, o pai de Demi ligou. Ela revirou os olhos, dizendo que tinha de ir.
Fomos a pé porque ela alegou que não estava com pressa, e eu achei graça, pois sabia que era para deixar seu pai mais irritado.
 - Entregue.
 - Obrigada por me trazer - ela disse, me dando um beijo. Ah, se ela fosse sempre tão agradável assim... - Até segunda.
 - Não vamos nos ver amanhã? - eu perguntei, segurando sua mão antes que entrasse. Ela fez uma careta.
 - Fala sério, eu tenho que ter uma folga da sua cara. Fiquei praticamente vinte e quatro horas com você por sete dias!
 - Ah, é? Então tá bom. Por que não uma folga de cinco dias?
 - Aí já é muito - ela deu um sorrisinho, me beijando. Folga? Nós planejamos com o pessoal desde a semana passada e ela vinha com essa agora? Pra mim era desculpa.
 - Demetria! - ouvimos uma voz masculina chamar, e nos separamos. Era seu pai na porta de casa. Ela xingou baixo, pronta para entrar. Mas ele foi mais rápido, vindo até nós. Pigarreou do nosso lado, como se esperasse uma explicação.
 - Você é tão impaciente! Já estava entrando...
 - Quem é ele? - perguntou a ela, se referindo a mim. Estendi minha mão, me apresentando. O cara olhou pela segunda vez pra minha mão e ignorou. Minha vontade era de me apresentar com um murro agora. Demi revirou os olhos.
 - Joseph. Meu namorado.
 - Ótimo. Entrem, o jantar já está sendo servido.
Demi tentou negar, dizendo que eu tinha um compromisso, mas o velho bizarro praticamente nos empurrou casa adentro. Esta que era bem bonita e decorada. Nunca pensei que conhecer a família de uma namorada fosse tão desagradável. O jantar havia sido horrível. Descobri que Demi morava com o pai e a madrasta, bem nova por sinal. A mulher até era agradável, mas o pai de Demi um carrasco. Passou o jantar inteiro me analisando, parecia que queria penetrar minha alma ou me comer. Demi esteve calada e muito aborrecida.
Respondi algumas perguntas que o casal fez.
 - O Joseph precisa ir embora. Os pais deles vão ficar preocupados, certo?
 - Eles não têm telefone celular? - o pai de Demi perguntou sarcástico, limpando sua boca com o guardanapo. O modo como Demi o olhava era assustador. Dei um sorrisinho, sem graça. Os três eram tão estranhos...
 - Demizinha, por que não mostra o resto da casa para Joseph enquanto preparo a sobremesa? - Vanessa disse, apoiada no ombro do marido. Demi nem se movimentou, emburrada. E eu pensei que já tivesse visto a morena irritada...
 - Faça o que Vanessa disse Demetria.
Seu pai ordenou e ela o fez. Me puxou, subindo as escadas. Abriu uma porta, entrando comigo e batendo com força.
 - Que ódio! - ela grunhiu furiosa, passando as mãos pelo cabelo. Olhei em volta e percebi que estava em seu quarto.
 - O que está acontecendo, Demi?



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