Capítulo 21
Como prometera, Joseph voltou à estrada com Demetria, mas não encotraram nenhuma pista sobre os pais do garoto. Foram um pouco mais distante, coletando uma informação importante de um boticário. O local que o velho boticário dera era perigoso e Joseph se recusou a ir com Demi.
- Escute-me ao menos uma vez, por favor. Nunca esteves lá, por que não confias na minha palavra?
Ela refletiu por ser marcada com algumas pessoas que encontrou na vida de solteira, como o capitão, e desistiu.
- Tudo bem, eu não irei contanto que vá.
Ele assentiu, fazendo o cavalo fazer a rota para casa. Ela fez o mesmo.
Quando voltaram, Júlio os esperava ansioso por notícias dos pais. Demi tentou despistar o garoto, falando sobre outra coisa.
No dia seguinte, Joseph fora até o local, e só voltou tarde da noite. Demi já estava ficando preocupada e inquieta. A morena colocou Júlio para dormir, trocando-se e esperando pelo marido no escritório dele.
Aproveitou para escrever um artigo sobre a crueldade do capitão do mato, pois não publicava um texto como Afonso Riba fazia tempo.
Uma hora depois ouviu a porta bater e correu até a sala. Levou um susto quando viu Joseph machucado.
- Cristo! O que houve, Joseph?!
- A área está dominada por uma milícia de capangas - ele respondeu, enquanto tirava seu casaco. - Fizeste muito bem em não ter ido.
- Venha! Vamos cuidar desses ferimentos.
Ela chamou, pegando-o pela mão até o quarto. Esperou que o marido se banhasse para poder limpar os machucados em seu rosto. Ela o fez, enquanto ele contava o que descobriu.
- E agora? Eu nunca tinha ouvido falar desses miliciantes, devem ter muitos presos por lá - disse, limpando cuidadosamente com o algodão o ferimento perto da boca dele. Concentrada no que fazia, mas com o pensamento longe, nem percebeu quão próxima estava de Joseph e como ele a olhava. Céus, como ele queria beijá-la! - E se os pais de Júlio estiverem lá?
Antes que Demi pensasse naquilo, Joseph se antecedeu:
- Já falei com o Cavaleiro, ele poderá nos ajudar.
Júlio passou uma semana na casa dos Jonas. Quando Judith e os outros empregados da casa voltaram, Joseph pediu sigilo. Evitou expor o garoto aos outros empregados, mantendo-o dentro de casa. Como Cavaleiro, teve que estudar a situação do lugar onde os miliciantes estavam instalados para poder comandar a invasão. Juntou alguns aliados, pressionando um dos capangas a dedurar o sistema de funcionamento. Na madruga do ataque, libertaram os presos com dificuldade e intensa troca de tiros. Ele sabia que agora o Cavaleiro tinha conquistado novos inimigos além dos fazendeiros e isso não era muito bom.
Joseph teve que dizer para Demi que ajudou na madrugada por causa do tiro de raspão que recebera. Mas depois dos cuidados de Judith, estava bom novamente. A empregada estava acostumada a tratar do patrão quando voltava das invasões, visto que chamar o médico era arriscado.
- Tu e a Demi não têm filhos? - Júlio perguntou a Joseph, enquanto esperavam Demi descer para irem até os pais do menino. O homem negou. - Não tens vontade de ter?
- Isso não depende só de mim.
- Aposto que seriam ótimos pais. Foram os senhores mais legais que já conheci.
Joseph sorriu, abraçando de lado o menino. Demi suspirou ao ver a cena. Filhos. Jamais havia pensado nisso, até Júlio chegar em sua vida. Jamais pensou também se seu marido queria tê-los.
- Aí está ela! - ele disse ao ver Demetria parada na escada. Esta que despertou e sorriu, indo ao encontro deles.
Foram de cochê para evitar que os vissem entrando na comunidade que o Cavaleiro havia achado. Esta que no início era bem pequena, escondia alguns poucos refugiados. Porém, com a ajuda de mantimentos das invasões do Cavaleiro, havia se tornado enorme. E era segura, escondida por uma floresta que poucas pessoas se atreveram a encarar.
Demi ficou perplexa e maravilhada. Seu coração bateu a mil quando ouviu um velho lhe contar isso. O Cavaleiro era um herói e ela o amava. Sorriu, sentindo seu peito esmagar de saudade.
- Demi? - ouviu Júlio a chamar e virou-se, lembrando também do seu marido. Joseph não era como o Cavaleiro, mas também fazia coisas maravilhosas. Na semana que passaram com Júlio percebeu o quão gentil e virtuoso ele era. Fazê-lo sofrer agora partia seu coração.
Ouviu os agradecimentos dos pais de Julio, antes de partir.
- Jamais esquecerei do que fizeram por mim. Acho que já vos amo - o menino disse emocionado, abraçando os dois ao mesmo tempo. O casal sorriu, correspondendo. - Quando eu crescer, quero me casar com uma mulher que também use calças e escove cavalos. E também quero ser um marido bom e corajoso como Joseph.
Demi riu do menino que havia ficado espantado por ela usar calças. Despediram-se, entrando no cochê novamente.
Eles ficaram em silêncio, refletindo sobre tudo que acontecera.
- Júlio vai fazer falta...
Demi comentou quando chegaram em casa. Joseph concordou, retirando seu paletó. Os dois foram dormir cedo devido à viagem cansativa.
No dia seguinte, teriam que comparecer a um baile e Demi estava super animada para contar a Selena e Rose sobre o que acontecera.
Começou a se arrumar cedo com a ajuda de Claire. Esta que bordou dois vestidos lindos e uma camisola vermelha ousada, com os panos que Tereza comprou.
- O que significa isso, Claire? - Demi perguntou, segurando a minúscula camisola pelas alças, olhando perplexa para a empregada.
- P-perdoe-me, senhora... Santo Cristo, que vergonha! Foi Judith... E-ela me mandou... Perdão, senhora... Eu...
- Acalme-se, Claire - a morena disse, rindo do nervosismo da outra. - Não estou zangada, apenas surpresa. Não sabia que tu costuravas peças tão ousadas... Já usastes?
- Deus me livre, senhora! - exclamou nervosa, ficando vermelha imediatamente. Demi gargalhou.
- Não quer ter um marido, Claire? E já disse para me chamar de Demi.
- Sim... Quero. Mas ainda não tenho nenhum pretendente, a não ser... Esqueça, nenhum mesmo.
Demi fez a empregada contar sobre um criado que vivia a cortejando, enquanto ajustava o vestido na morena. Esta que deu dicas a mais nova.
Demi desceu e encarou o marido que já a esperava. Ele sorriu, encantado. Ela sentiu algo bom ao ver que ele voltara a olhá-la do mesmo jeito que no baile.
- Não sei se ficas mais encantadora de calças ou vestido...
Ela revirou os olhos, aceitando o elogio.
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