SMCG - 11

Eu e Daphne já estávamos no décimo brinquedo, e até que estava sendo legal e divertido. Mais divertido ainda estava sendo provocar Demi. Eu sabia que ela estava nos acompanhando com o olhar, e tomada em fúria.
- Ai, Joe, estou zonza! - Daphne disse rindo, pondo as mãos na cabeça. Até que ela era legalzinha, mas eu não prestrava atenção em 80% do que a loira falava. Pelo menos não era chata como Katy e não transformava isso num encontro.
- Vamos parar um pouco?
- Não antes de irmos ao trem love! - ela disse animada e me puxou para a fila enorme. Mofaríamos ali.
Uns dez minutos passaram e agora havia pouca gente na nossa frente.
- Ei, Daphnee! - Mag gritou da grade, fora da fila, com as outras meninas. Ela me pediu pra esperar e foi tagarelar. Foi até bom, meus ouvidos agradeciam.
- Está gostando do encontrozinho? - ouvi Demi perguntar, e me virei, a vendo debruçada na grade. Ela mantinha o sorriso debochado, mas eu sabia que por trás dele, estava rangendo os dentes.
- Bastante. Daphnee consegue ser divertida, e o melhor de tudo: normal.
Demi riu, e pulou a  grade ficando de frente para mim. Um cara gritou, a repreendendo por furar fila.
- Cala a boca! - Demi esbravejou pra ele, e voltou-se pra mim. Puxou o passaporte do meu bolso, destacando um. - Adoro trem do amor.
Revirei os olhos, virando para frente. Daphnee finalmente largou as amigas e percebi sua feição confusa ao encontrar Demetria atrás de mim. Mesmo assim, ela voltou para a fila e se pôs ao meu lado, receosa.
Demetria era um monstro mesmo.
A fila começou a andar e eu entreguei meu passaporte, entrando. Sentei em um carro, esperando a garota.
- Com licença! Ops! - Demi falou alto, empurrando Daphnee e entrando na frente dela. - Acho que seu passaporte voou, linda.
A perturbada puxou o ticket de Daphne e jogou para o ar, fazendo o papel voar. Antes que eu levantasse, ela correu até o carrinho onde eu estava e sentou, descendo o ferro.
- Porra, garota! - eu xinguei e tentei nos soltar, mas já estava trancado. Demi sorriu e me beijou na bochecha. Daphnee entrou furiosa e teve que sentar atrás da gente. - Daphne, eu--
- Achou, linda?
- Sua desgraçada invejosa! - a loira xingou Demi, irritada. Acho que ela já havia percebido que eu não tinha nada a ver com essa história.
- Acho que a invejosa não sou eu...
O brinquedo começou a andar e eu lancei um olhar de desculpas à Daphne. Virei para frente novamente quando tudo ficou escuro. Uma música lenta e romântica começou a tocar, enquanto imagens de lugares apareciam.
Senti Demi me abraçar e não retribuí. Era óbvio que ela queria só perturbar Daphne. A morena colou em mim e pôs seu rosto no meu ombro. Ficou assim até o final e me beijou, quando passamos pela câmera.
Ela comprou a foto no final e riu bastante. Procurei Daphne, mas não achei. Deve ter saído como um furacão.
— Olha isso, Joe — me mostrou a foto, ainda rindo. Aparecia nós dois se beijando e Daphne com cara de merda atrás. — Essa é épica.
Eu fiz minha pior cara de merda e ela percebeu que estava rindo sozinha. Bufou. Guardou a foto e me puxou pela mão.
— Você vai ficar bravinho, é? — perguntou, entrelaçando nossos dedos e se afastando do parque. Ela nunca tinha feito aquilo e agia como se estivesse acostumada. Não respondi, mantendo a birra. — Você nunca se importou com ela e nenhuma garota, por que esse drama agora?
— Claro que já me importei.
— Eu sei, comigo — ela sorriu pra mim e eu tentei não ficar mexido com isso, mas não adiantou. Continou a me puxar e paramos numa ponte que dava para o mar. Soltou nossas mãos e eu senti falta. Tirou seu tênis.
— O que você vai fazer?
— Nadar — ela respondeu, deixando o tênis com a nossa foto dentro dele, no canto. Eu não acreditava que ela ia mesmo fazer isso. Devia estar bolando um plano pra me empurrar quando eu a impedisse. Até porque, ela não sabia nadar. A única da turma que se recusava a fazer a prova prática de ed. física na piscina.
— Você não sabe nadar.
— Mas você sabe — respondeu com um sorriso, me provocando. Antes que eu pudesse falar alguma coisa, ela pulou. Eu corri até a borda, assustado. Sim, ela era louca, eu sabia. Mas aquilo era demais, ela podia morrer. Pra mim Demetria não brincava com sua vida.
— Demetria! — eu chamei e ela sumiu nas águas escuras. Aquilo estava me deixando nervoso. Ela não aparecia na superfície desde que pulara. E se ela tivesse mesmo se afogando? A idiota pulou em pé, pode ter ido muito fundo e não ter conseguido voltar. — Cacete, Demetria!
Tirei meus sapatos e a camisa rapidamente, pulando no mar. Ela realmente não estava por ali e eu me desesperei. Tentei procurar embaixo d'agua, mas eu não enxergava nada.
Gelei por um momento.
De repente, fui envolvido por seus braços e pernas, se encaixando nas minhas costas. Ouvi sua risada idiota e fiquei furioso.
— Droga, Demetria! Você perdeu o juízo?! Isso não é brincadeira que se faça!
— Ei, calma, eu estou bem.
— Sai! — desgrudei dela e a encarei. Eu estava muito irritado. Isso era mais que uma brincadeira estúpida e escrota. — Você é uma babaca.
Ela novamente se pendurou em meu pescoço e me beijou. Eu não correspondi.
— Me desculpa, vai. Eu faço o que meu namoradinho quiser.
— Então some da minha vida — eu respondi e vi sua expressão incrédula. Ela logo sorriu e eu saí da água, puxando-a junto. Recolhi minhas coisas, voltando ao parque. A idiota ficou sentada na ponte sozinha. E se ela quisesse se matar agora, que fizesse. Eu não estava nem aí.
Nem me despedi dos meus amigos, depois eu falava com eles. Minutos depois percebi que ela estava atrás de mim e bufei.
- Ei, Joseph! Me espera! - ela gritou, quando eu cheguei no meu quarteirão. Não esperei e ela correu atrás de mim.
- O que foi dessa vez?
- Não posso ir pra casa desse jeito.
- E o que eu tenho a ver com isso? Ninguém mandou você nadar.
- Eu sei, mas agora preciso que me deixe ficar na sua casa - ela disse baixo, pois já estávamos no meu jardim. Por mais que eu quisesse, não podia deixá-la na rua toda molhada. Suspirei, pegando as chaves e ela sorriu. - Devagar, não quero que seus pais saibam.