Capítulo 3


A família Lovato chamou atenção quando adentrou no salão. Todos já estavam sabendo do ataque na fazenda. Só não sabiam, ainda, que estavam completamente falidos. O senhor Lovato estava lucrando apenas com o comércio ilegal, e agora tinha uma enorme dívida, devido ao prejuízo. Demi não estava feliz pela desgraça da sua família, mas era o certo a se fazer. Foi por amá-los que não queria que seu pai se envolvesse ainda mais com os criminosos. Ela tinha certeza de que conseguiriam um recomeço digno.
— Não esqueçam, meninas, sem comentários sobre o ataque — o senhor Lovato alertou, um pouco tenso. — E por favor, meus anjos, procurem bons maridos.
— Fique tranquilo, papai. Farei o possível para ajudar-nos! — Rose consolou o pai, piedosa. Estava determinada a corresponder Juan Bravolta na esperança de um acordo de casamento. Demi se sentiu um pouco mal pela irmã tomar esta atitude. A idéia era o recomeço, e não interesse em casamentos lucrativos.
Enquanto os familiares se dirigiram à mesa, a morena decidiu ir até a varanda, refrescar as ideias. Precisava desenvolver o projeto que pensou para ajudar o pai.
— Pergunto-me no que a senhorita pensa tão concentrada...
Demi se assustou e logo bufou. Reconheceu a voz de Joseph, xingando-o mentalmente. Não se virou, e o homem continuou atrás dela
— Em vestidos.
— E em marido rico? — ele perguntou, pondo-se na frente dela. Vestido fora uma desculpa falsa, querendo se mostrar fútil, ele sabia. — Era no que devia estar pensando com a falência de seu pai.
— Não estamos falidos.
Ele riu, debochando da mentira dela. Demi sentiu o sangue ferver por ele ser tão intrometido e sabido. Estava farta dessa perseguição.
— Já disse para me deixar em paz! Sei o que pretendes e estou farta dessa perturbação. Quero que você e Victor apodreçam no inferno!
— Espere, o que tem Victor? - ele a segurou pelo braço, impedindo que saísse. Estava confuso por a mulher ter mencionado o homem. Ela se soltou com agressividade.
— Eu já descobri tudo, não finja! Sei que tu tens me azucrinado a mando dele.
Jonas não teve tempo de se explicar, pois ela já havia saído como um furacão. Não fazia ideia do que Demetria tinha falado. Praguejou, determinado a descobrir o que Victor tinha com ela.
Demi procurou seus familiares, mas desistiu de ir até a mesa, pois suas irmãs estavam ausentes dançando e não queria fazer o mesmo. Para sua sorte, Selena a resgatou do tedioso baile. Mas alugou seus ouvidos, pois estava muito nervosa por o senhor Lockwood estar presente. Contou também sobre o beijo em Nick que a deixou flutuando.
— Diga-me, Demi, tu já foste beijada? — Selena perguntou apaixonada. Demi pensou, pensou e mesmo que não tivesse sido relevante, tinha sido o seu primeiro encostar de lábios.
— Serve à força? Pois sim, e tenho nojo até hoje daquele repugnante do Jonas.
A amiga arregalou os olhos e logo riu. Demi explicou que não era sua intenção beijá-lo.
— Tu sabias que ele é amigo do Nick? Que coincidência, não? Poderíamos...
— Nada, poderíamos nada! — Demi cortou qualquer idéia impertinente de Selena. — Oh, bela, fiques apaixonada, mas não tonta. Tu sabes que dificilmente um homem ganhará o meu amor.
— O Cavaleiro da escuridão, talvez.
— Quieta! — Demi sussurrou, repreendendo a amiga e logo riram. Mas a felicidade durou pouco, pois o pai de Selena a chamou, com o senhor Lockwood ao seu lado. A mulher gelou, e Demi tentou a tranquilizar.
Assim que a amiga se foi, Demi não viu outro jeito, a não ser ir para sua mesa. Suas irmãs já tinham voltado, e Bravolta estava lá também. Indignada, começou a marchar até lá, mas no meio do trajeto, mãos a desviaram. Foi arrastada bruscamente até o depósito da cozinha. Furiosa, abocanhou a mão que estava tampando sua boca.
— Sua meretriz! Estás nervosa, é?! — Victor perguntou revoltado com a mordida, e Demi ao vê-lo, sentiu vontade de esganar o loiro.
— Seu bastardo!Quem tu pensas que és para me arrastar assim?!
— Sou homem e isso basta! — respondeu grosso, aproximando-se dela. — Quero saber quem tu pensas que és para dizer coisas ruins a meu respeito para Lídia e Roberta.
Demi então riu, fazendo o loiro ficar mais irritado.
— Apenas falei um pouco sobre ti. Fico feliz que elas tenham percebido que Victor não presta.
— Não me provoque! — ele gritou, pegando-a bruscamente pelo braço. Demi ficou furiosa com a agressividade. — É melhor que tu pares de tentar disseminar essas ideias na cabeça de qualquer mulher, ou--
— Ou o quê?! — interrompeu, dando um empurrão nele. O loiro, consequentemente, a soltou, e as marcas vermelhas estavam na pele branca. — Vai me mostrar como o homem é superior? Vai me bater? Vai me apedrejar na praça? Diga, estou ansiosa!
Victor avançou para cima dela novamente, e a arrastou pelos cabelos, fazendo Demi gemer.
— Vou te mostrar como mulheres do seu tipo devem ser tratadas, qual é a tua função — respondeu, tentando ataca-la no seu ponto fraco. Sabia que ela detestava ser submetida a qualquer homem. Entornou taças de champagne no chão. — Agora limpe com a língua.
Demi direcionou a ele um olhar fulminante. Nunca esteve tão furiosa em toda sua vida, era capaz de matá-lo. E então riu, riu debochada.
— Pegou-me em um dia péssimo, bastardo... — Ria mais que lhe faço limpar meus sapatos também — disse, e puxou mais os fios dela. A morena cuspiu na face dele, deixando o loiro irritadíssimo. — Agora, limpe! — ordenou, tacando-a no chão. Demi caiu de joelhos e continuou a rir. Ele não entendeu quando ela levantou um pouco do saiote do vestido, ainda no chão.
— Estou farta das suas implicâncias há anos, e hoje tu passaste dos limites — disse calmamente, enquanto se levantava. Victor sempre perturbou a mulher por ser diferentes das demais. Antes que a puxasse pelos cabelos novamente, Demi enfiou uma faca, que havia pegado colada na coxa, na barriga dele.
Victor arfou surpreso, caindo sentado. Demi o puxou pelos cabelos até a poça de champagne, colando o rosto dele ali.
— Tu derrubaste, tu limpes — disse vingativa e retirou a faca da barriga dele, provocando um gemido de dor. O sangue agora manchava o terno do rapaz, que pôs a mão por cima.
— Sua meretriz — ele a xingou com dificuldade e sentindo muita dor.
— Diga ao seu comparsa que ele é o próximo.
Saiu do depósito com todo cuidado, dirigindo-se ao banheiro. Tomou cuidado para que ninguém visse a faca ensanguentada em suas mãos. Mas já era tarde demais, pois alguém havia visto toda a cena no depósito.
Jonas estava impressionado.

Joseph recebeu Nick em sua casa e foram para seu escritório. As visitas frequentes do amigo eram agradáveis e divertidas. Seus pais se conheciam desde pequenos e, por isso, os dois cresceram juntos, como irmãos.
— Alguma bebida?
— Sim, a mais forte que tens — respondeu, e afundou na poltrona, bufando. Joseph olhou as garrafas por um instante e serviu os dois copos. Entregou ao amigo e se encostou na borda da mesa. — Essa é a mais forte?
— Óbvio que não. Não quero que tu fiques fora de si e vá matar o pai de Selena.
Nick suspirou irritado. Estava quase fazendo isso sóbrio. Joseph sempre fora o "irmão" responsável, poucas vezes agira por impulso e dava os melhores conselhos.
— No baile de terça, o senhor Lockwood estava pegando-a como se fosse proprietário.
— E o que tu pretendes fazer?
— Matar o pai dela e esse desgraçado! - respondeu tomado pela raiva, fazendo Joseph rir e servir mais bebida. Uns minutos em silêncio e resolveu perguntar.
— O que tu sabes sobre Demetria Lovato?
— Bom... — Nick ficou confuso com a mudança de assunto, mas respondeu sem questionar. — É muito amiga de Selena, brava e também tem ideais diferentes. Apenas isso.
Joseph suspirou sem nenhum avanço. Ele ainda estava digerindo a cena que havia presenciado no baile, e por isso, preferiu não contar nada a Nick agora.
— O amigo me permite perguntar o motivo da pergunta?
— Fiquei curioso e bastante interessado.

                                            

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