Capítulo 8
- Sel? - Demi perguntou, assim que a amiga atendeu o celular.
- Oi, Demi.
- Sel, você não sabe o qu--
- Sim, eu sei. Estou aqui na casa dele. Lucas já me contou tudo. -
Respondeu, sentando no sofá, enquanto o garoto mexia no notebook.
- E você também achou um absurdo, né?
- Olha, amiga...no começo sim; mas depois que eu li a conversa
e fuxiquei a página dela, não. - Comentou.
- Até você, Sel? - Ela bufou, se jogando na cama.
- Demi, nós estamos querendo mais do que você que isso não
passe de um mal entendido.
- Então parem de procurar onde não têm! - Reclamou.
- Pior que acho que tem. - murmurou chateada - Lucas
vai te mandar a conversa por e-mail e você tira suas próprias conclusões.
Demi bufou.
- Vou me arrumar. Joseph está chegando. Beijos.
- Beijos, amiga. - Desligou o celular, e olhou preocupada para o loiro.
- Eu espero sinceramente que essa tal de Megan seja só um
espírito, ou a Demi vai ficar arrasada.
- Ele enganou a todos nós. Viado. Eu vou acabar com aquele
filho de uma boa mãe. - exclamou com raiva - Tem outra mentira, Sel.
- O que? - Arregalou os olhos, sentando-se ao lado do garoto.
___
- Esse porteiro, sem ser o Charlie, toda vez que eu venho aqui, está
conversando animadamente com aquela senhora. - Eu comentei com Joseph, enquanto entrávamos
em seu apartamento. Estava tudo tão arrumado e brilhando...com certeza a
faxineira tinha passado por aqui.
- Desconfio que tenham um caso. - Ele respondeu, trancando a
porta e eu gargalhei.
- Que maldade, Joseph!
Só de imaginar aquela senhora obesa, e três vezes mais velha
que o porteiro, era hilário. Deixei minha bolsa no quarto de Joseph, sentindo o
cheiro bom. Eu gostava mais daquele apartamento do que ele mesmo. Ouvi uma
falação, e constatei que era a TV ao voltar pra sala. Meu namorado tinha a
mania irritante de sempre deixá-la ligada. Porém, eu já tinha me acostumado.Vi
uma bolinha felpuda perdida no chão, e tinha quase me esquecido.
- Ah, cadê o meu bebê gostoso e gordinho? - Perguntei com
uma voz enjoada, procurando pela cozinha, mas não achei.
- Bom, gostoso eu sou, gordinho não. - Joseph disse, tirando
a chave e celular dos bolsos para por na mesa.
- Gilbert! Amorzinho! Psssssss - chamei, e logo senti aquela
bola de pelo caramelo se enroscar em minhas pernas. Sorri, o pegando no colo. - Aw, que
saudade de você.
Joseph me olhou fazendo careta quando sentei ao seu lado. Continuei
fazendo carinho em Gilbert.
- Por que ele está assim todo despenteado? - Perguntei, penteando seus pelos com os dedos. Ele miava baixinho, um amor.
- Eu o coloquei na máquina de lavar antes de sair. - respondeu naturalmente, e eu o olhei feio - Relaxa, brincadeira.
- Ele te maltrata, não é, Gilbert?
- Claro que não. Só quando ele me arranha, ou bagunça tudo.
Né, garotão? - respondeu, o pegando pela
pele do pescoço pondo em seu colo. Eu bati em seu braço. Me dava aos nervos
quando fazia isso.
- Imagina o que você não faz com ele. Coitadinho.
- Nada de mais. Só dormimos abraçadinhos, sentindo falta da
nossa dona. - Joseph o abraçou, fazendo um bico. Tanta beleza em uma pessoa só.
Por que, oh, Deus?
Apertei os olhos para ele, e peguei Gilbert novamente. Fui pra cozinha em busca de ração para ele. Eu e Joseph adotamos Gilbert por acaso. O encontramos na rua, perdido, sujo, faminto e todo molhado. Ainda era filhote, e não pensei duas vezes antes de pegá-lo. Eu não podia voltar a caminhar com Joseph, como se eu não o tivesse visto. Miando, querendo chamar nossa atenção e depois se afastando acanhado, quando nos aproximamos. Tive de deixar ele com Joseph, já que no meu prédio não permitem animais.
- Quer um filho, e nem sabe cuidar de um gato.
- Meu filho não vai me maltratar. - respondeu alto para que
eu ouvisse.
- Gilbert é um anjo. - Abri o sachê e Gilbert pulou que nem os gatos dos comerciais,
faminto. Pus na tigela e ele ficou comendo. Sentei novamente ao lado do meu
namorado.
- Gilbert é um anjo só quando você está perto.
Eu o agarrei pelo pescoço e o beijei.
Eu e Joseph chegamos um pouco tarde na festa de Cassie. O
filme que ficamos vendo demorou mais que o esperado. Sem contar na preguiça que
eu estava de me descolar dele. Mas se eu faltasse o aniversário da minha amiga,
ela ficaria chateada. Seria uma desfeita. E também, era a nossa última festa juntos, antes que ele voltasse. Nós iríamos retornar as nossas casas, e depois
combinaríamos um dia para oficializar nosso namoro em família. E bem, o futuro nos
aguardava.
- Por que Selena está com essa feição irritada e nem olha pra
cá? - Joseph perguntou. Estávamos sentados com Mikey, Josh, Max e Clair. Desde quando chegamos e nos sentamos, Selena e Lucas não vieram para nossa mesa como costumavam fazer.
- Nem comigo ela falou direito. Vocês brigaram? - Mikey perguntou e eu neguei com a cabeça. Eu sabia o
porquê dela estar assim, mas não falaria, pois ainda era aquela história
absurda.
- Vou descobrir agora. Já volto. - Dei um selinho em Joseph,
e levantei. Selena viu que eu estava indo em sua direção, e se pôs a caminhar até um
canto onde Lucas estava. Minha amiga enxotou a ruiva que o fazia companhia.
- Então, leu a conversa?
- Oi para você também, amiga. Como vai?
- Oi, nada bem. Você leu? - Selena perguntou, rápida e
objetiva. Eles não me deixariam em paz com aquele assunto.
- Sim, eu li. E sabe o que acho? Essa Megan pode ser uma
mentirosa que está enganando vocês. - Respondi, suspirando A tarde foi um tormento de
tanto sms que recebi deles para ler a maldita conversa.
- Ou seu namorado é um mentiroso que está te enganando.
- Lucas, vocês o conhecem, não tem o por quê.
- Pensei que o conhecesse, mas pelo visto, nem você. -
Selena comentou. Aquilo já estava me irritando.
- E como vocês podem confiar nessa Megan? Ela pode ser
apenas mais alguma de Ashley.
- Ela tem várias fotos com Joseph, fotos com os pais dele, e
nenhum tipo de contato com Ashley. Ah, e ainda mora em Los Angeles, no mesmo
condomínio que os pais dele. - Lucas respondeu, convicto.
- Mas os pais de Joseph não moram em Los Angeles.
- Outra mentira. Eles moram, são empresários e têm uma
condição financeira que é uma beleza.
- Demi, e se você leu mesmo a conversa, viu que ela sabe
bastante coisa sobre ele. Ainda são noivos. - Selena disse, mordendo canto da
boca. Eu estava chocada. Mas ainda não conseguia acreditar neles. Era muito
grave. Se Joseph queria apenas uma diversão, por que me namoraria por três
anos? Eu o conhecia, ele não faria isso.
- Isso é tudo mentira! Vou provar a vocês.
- Provar com o quê? A palavra dele? - Lucas debochou, rindo - Até no
perfil dos pais de Joseph, eles aprovam a futura nora, que não é você.
- Vocês são meus melhores amigos, mas não vou ficar aqui ouvindo
besteira. Chega por hoje. - Disse, e virei as costas para ir embora.
- Por isso ele não gostava de entrar no assunto de família
com você. - Ela disse um pouco mais alto, e eu parei para ouvir - Todos
naquela mesa sabem, e você está pagando de idiota.
Respirei fundo para não rebater. Ela era minha melhor amiga,
e só estava enganada. Fiz o mesmo caminho de volta à mesa, e sentei ao lado de
Joseph novamente. Eles começaram a rir de mim. Até a namorada de Josh. Me senti
mal. Eu estava mesmo pagando de idiota? Joseph me abraçou e beijou meu rosto,
mandando pararem. Era impossível ele estar mentindo para mim.
- É que ela chegou com uma feição hilária! - Mikey disse. Eu
estava maluca deixando aquelas besteiras me afetarem. Eles estavam rindo, e
brincando comigo como sempre faziam. Apenas isso.
- Cadê Selena e Lucas? - Max perguntou.
- Eles estão falando muita besteira hoje...melhor que fiquem
longe. - Respondi, bebendo o restinho que continha no meu copo. Eles me olharam confusos.
- Que tipo de besteira?
- Ah, estão irritados. Depois passa. - Dei de ombros. Eu
sabia que Joseph me perguntaria sobre isso mais tarde, mas até lá eu pensava em
outra desculpa - Então, estou a fim de beber algo forte. O que você sugere,
Max?
- Eu mesmo vou preparar, princesa. - Max piscou, e se levantou atrás do barman. Álcool. Era disso que eu precisava para parar de pensar
besteira. Espero que Joseph não tente me controlar. Cassie chegou à nossa mesa para
conversar conosco, e eu agradeci mentalmente. Ou Teria que ficar dando explicações
sobre a minha súbita vontade de bebida alcoólica.
Eu bebi dois copos que Max tinha trago. Aquilo era forte,
mas eu não estava bêbada. Sempre fui fraca para bebida, e logo hoje que eu
queria, não surtia efeito. Antes que eu pudesse pedir outro copo, Joseph me
puxou. Atravessamos um grupo de pessoas, e saímos do salão.
- O que viemos fazer aqui fora? - Perguntei, erguendo uma sobrancelha, quando paramos
no jardim.
- Ir embora.
- Por que?
- Você não está bem, e já está tarde. - Respondeu. Eu sabia
que era porque eu estava estranha. Ele percebia.
- Deixei minha bolsa lá dentro.
- Vou buscar. Enquanto isso, vai entrando no carro. - Joseph
disse, e me entregou a chave. Fui em direção ao carro, e ele na contrária.
Destravei, e me sentei no carona. Era incrível como eu não deixava de pensar na
história contada por Sel e Lucas, aquilo estava me atormentando. Não demorou muito e Joseph entrou no banco do motorista.
Eu estava sentada na cadeira de frente para a escrivaninha,
mexendo no notebook. Joseph já devia ter acabado de tomar banho, pois eu não
ouvia mais o som do chuveiro ligado. Ouvi quando a porta foi aberta e Joseph se
jogou na cama.
- Você acredita que as passagens estão todas esgotadas? -
Disse. Como eu iria visitar minha família na semana que marquei?
- Acredito. Por isso comprei a minha antecipada.
- Então eu só vou uma semana depois que você. Que droga. -
Murmurei, e ele riu. Tentei um outro site.
- Você, Selena e Lucas brigaram?
- Não. - Respondi, ainda fitando o notebook. Eu sabia que
ele me perguntaria. - Eles só estavam falando besteiras.
- Tudo bem, você não quer falar.
- Não é isso...é porque eles estavam de palhaçada. - respondi, fechando o notebook, e levantando. - Parecia que combinaram. TPM, só
pode.
- Claro, Lucas é uma fêmea. - Disse, e eu ri. Sentei ao seu
lado, mas ele me puxou, me obrigando a deitar - Você pôs comida para Gilbert?
Pois ele fica miando a noite inteira na porta do quarto, senão comer.
- Querido, eu sou uma mãe atenciosa.
- Sim, eu sei. - Disse, deitando a cabeça sobre o meu ombro, e me abraçando pela cintura. Pus a mão direita em seus cabelos
dele, acariciando. - Daqui há cinco dias.
- Pior que passa tão rápido...
- Vou sentir falta daqui. - ele comentou e eu concordei.
- Terei que deixar Gilbert na casa de Selena, se eu não
conseguir uma passagem.
- Você vai conseguir, relaxa. - Ele disse. Ficamos em
silêncio por um tempo. - Fico exausto só de pensar.
- Você vai rever sua família, passar um tempo em
Massachusetts...vai ser legal.
- Massachusetts? - perguntou.
- Sim. Não é lá que seus pais moram?
- Ah...é...é sim. - disse. Não entendi. - Na verdade, eles
se mudaram para Los Angeles.
Erqui a sobrancelha. Justo L.A? O lugar que Lucas disse?
Podia ser uma coincidência. Ou não. Pare, Demetria! Eu não aguentava mais
aquelas suposições me confundindo.
- Joseph...tem algo que você queira me contar? - perguntei.
Eu precisava acabar com aquela dúvida maldita que meus amigos plantaram em mim.
Joseph levantou a cabeça do meu ombro, me encarando. Enrugou a testa.
- Como assim?
- Não sei. - respondi me endireitando sobre o travesseiro e
puxando a coberta. O encarei. - Algo que você acha que deve me contar antes de ir,
sei lá. Se tiver, o diga agora.
- Por que isso agora, Demi? Essa pergunta do nad--
- Apenas diga se tem ou não.
Ele ficou em silêncio por alguns segundos, me encarando. E logo
respondeu, normal.
- Não.
- Então eu acredito. - respondi, tomando sua antiga posição.
Descansei minha cabeça em seu peito, ouvindo as batidas do seu coração, devido
ao silêncio. Em breve começaríamos uma nova etapa da nossa vida, e eu estava
confiante. Queria logo oficializar o nosso namoro em um jantar com nossas
famílias. Queria tanto que meus pais o conhecessem logo, assim como eu queria
conhecer meus sogros. Eu nunca tive algum tipo de contato com eles. Só uma vez
quando atendi o celular de Joseph, e falei com sua mãe. Foi bem rápido. E
confesso que fiquei decepcionada quando disse meu nome a Denise e ela
simplesmente ignorou. Nem um "Olá, como vai?" e muito menos "você que é a
famosa Demetria?". E se sua família não gostasse de mim? Ficava impossível
saber, já que Joseph sempre mudava de assunto.
- Está com sono?
- Um pouco. - respondeu sério - Vou beber água.
Levantou-se. Ergui uma sobrancelha, não entendendo. Às vezes
Joseph me confundia. Deitei novamente na cama e acabei adormecendo.
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