Capítulo 26
- O que está havendo?! Cadê Joseph? - Demi gritou desesperada, fazendo a criada chorar ainda mais. Deixou-a ali, saindo à procura de Judith. Esta que veio ao seu encontro, levando de volta a mulher para o quarto.
- Joseph não está aqui, eles o levaram para algum lugar.
- Como assim levaram?! Quem são eles? - esganiçou confusa. Mais um barulho forte vindo lá de fora. - O que está havendo?
- Provavelmente descobriram que o senhor tem relação com o Cavaleiro das Trevas e estão destruindo tudo com ódio. Foi o que ouvi. A senhora precisa se esconder urgentemente.
- Me esconder?! É claro que não! Preciso saber pra onde levaram Joseph, preciso lutar.
- Joseph me fez prometer que a manteria segura, senhora. Por favor, não dificulte tudo.
Demi não deu ouvidos a ela, trocando de roupa ali mesmo. Abriu a gaveta secreta onde o marido guardava espadas e arma. Escondeu o que achou preciso, tomando a arma em mãos. Claire tentou impedi-la, levando um empurrão.
Judith se pôs na porta, desesperada.
- A senhora não vai sair daqui. Queres morrer que nem a minha antiga senhora, mãe de Joseph? Porque é isso que eles vão fazer! Querem matá-la a qualquer custo! - Judith esbravejou, sentindo as lágrimas molharem seu rosto. Claire segurou a patroa pelas mãos.
- Eles disseram que vão entrar e torturá-la. Demi, eles mataram meu namorado.
A morena a olhou arrasada, sentindo vontade de chorar. Chorar de tristeza, ódio. E o ódio inflava ainda mais sua coragem, não podia deixar aquilo acontecer.
- Mas olha isso, não posso deixar as coisas assim. E se continuarem matando mais criados por causa de mim? E se matarem vocês? Eu nunca me perdoaria. Se eu tiver que morrer lutando, vou morrer feliz.
- Não pense somente em você, querida - Judith pediu, segurando seu rosto delicamente. Pôs as mãos sobre o ventre da morena. - Seu dever é protegê-lo, pense também nele.
Lembrar desse detalhe havia acabado com toda coragem de Demetria. Caiu sentada na cama, grunhindo de raiva. Era seu filho, não podia acabar com a vida dele sem nem mesmo ter começado. Queria ter contado pra Joseph, mas era uma surpresa que faria dali a dois dias. E agora nem sabia aonde o marido estava. Abraçou as duas criadas, após ouvirem a porta dos fundos ser arrombada.
- Precisamos nos esconder!
- Venham, sei de um lugar - Demi chamou, indo para o quarto de hóspedes, onde tinha a passagem secreta para o lugar que Joseph havia a levado. Abriu o fundo falso do armário. - Subam, rápido.
As três o fizeram, sentando no chão, juntas. Não havia janela, somente o teto aberto e por isso só podiam observar as estrelas ao som da destruição. Demi se perguntou aonde estaria o Cavaleiro em uma hora dessas em que um de seus aliados estava sendo atacado. Entristeceu-se ao lembrar de Joseph, pediu a Deus que estivesse a salvo e bem. Judith fez o mesmo, por mais que quase não tivesse esperança. Sabia que Joseph tinha sido pego pelo aperto em seu coração, mas torcia para que estivesse errado e o homem conseguira fugir.
- Estás aonde, puta? - Demi ouviu a voz de Victor um pouco longe e abafada. Sentiu seu sangue ferver. Ele ria e destruía o que via pela frente. - Cadê a tua coragem? Não adianta se esconder, hoje só saio daqui depois que te der uma lição.
A morena respirou fundo, mantendo a calma. Queria enfrentar Victor, mas o medo a envolvia. Sentia vergonha por sentir isso daquele quem a assustava do mesmo modo como um inseto.
- Seria ótimo se o Cavaleiro aparecesse, por mais que não goste de ser salva como a mocinha - Demi sussurrou. Judith não comentou nada, não queria contar a verdade sobre Joseph ser o Cavaleiro, pois não saberia a reação de Demi. Ela ficaria transtornada, com certeza. E ainda mais preocupada. Ouviram um barulho alto, identificando que Victor tinha entrado no cômodo. Seguraram mais forte as mãos uma das outras.
- Essa sua demora só acaba me irritando mais, Demetria...
Ele abriu a porta do armário com força, fazendo as mulheres ficarem tensas. Claire não suportou a pressão, deixando escapar um gemido de choro. O loiro parou no mesmo lugar abrindo um sorriso.
- Acho que estás encurralada...
Aproximou-se do armário novamente, afastando as roupas com agressividade.
- Senhor, temos que ir! - a voz de um homem foi ouvida inesperadamente. - O barão Bachelard nos quer na cidade.
- Ainda não achei aquela meretriz, não vou sair daqui.
- Rodamos toda casa, com certeza fugiu.
- Não fugiu, prendemos o cocheiro e se saísse a pé teríamos visto. Vou encontrá-la.
- O que digo ao barão? Ele não vai ficar nada contente se não estiveres lá.
- Inferno! - Victor socou o armário com raiva, pensando no que fazer. - Deixe alguns homens escoltando a fazenda e os estábulos.
Saiu irritado, com o homem ao seu alcanço. As três respiraram aliviadas, esperando os homens descerem.
- Precisamos achar uma forma de sair daqui - a morena afirmou, pensando em algo. Com o estábulo fechado e a fazenda cercada, era impossível.
***
- O senhor pode me ajudar? - Claire pediu ao capanga que estava no corredor. Ele levou um susto ao vê-la, apontando a arma.
- Quem és tu?
- Sou apenas a criada da casa.
- Aonde está a tua patroa? - ele perguntou, aproximando-se. Olhou-a de perto, fazendo Claire demonstrar o nervosismo. - Responda! Por que estás nervosa?
- Ela fugiu assim que invadiram. Estou nervosa porque minha amiga, outra criada, está machucada lá dentro. O armário caiu em cima de sua perna e não consigo retirar.
Ele abaixou a arma entrando no quarto atrás dela. Não deu tempo de raciocinar e já estava sangrando no chão. A facada no pescoço por Demetria e o lenço na boca por Judith foram perfeitos para que o ataque fosse silencioso.
- Valha-me, Cristo! Não consigo, não posso!
- Eles mataram seu namorado e vão nos matar também! - Demi lembrou irritada a Claire. Limpou as mãos no lençol, certificando se o capanga estava mesmo morto.
Fizeram o mesmo com o capanga que estava na sala. Vestiram as roupas deles e algumas de Joseph, pegando as armas e prendendo o cabelo no chapéu. Demi pôs um lenço no rosto para que não a reconhecessem. Saíram juntas balançando bebida alcoólica nas mãos, chamando a atenção dos outros capangas. Eles se animaram, vindo a encontro de Judith que serviu, enquanto Demi e Claire se afastavam. Elas pararam em frente ao estábulo, e Judith veio logo depois, sendo confundida com um homem facilmente.
- Eles vão achar estranho se pegarmos os cavalos do patrão.
- Mas não sabemos quais são os cavalos dos dois homens que matei, seria pior ainda pegar um dos cavalos dos capangas presentes aqui.
Demi concluiu e resolveu agir. Depois de um minuto, Claire foi para os fundos, enquanto Demi e Judith levavam cavalos até lá.
Fugiram sem chamar a atenção, suspirando aliviadas.
- Pode ficar tranquila, Claire. Ou vai me matar sufocada.
Claire afrouxou os braços em volta de Demi, fazendo-a dar uma risadinha. Encostou a cabeça na patroa, ainda com medo. O dia já havia clareado quando elas chegaram na cidade. Judith insistiu para que fossem até a casa da família de Demetria, mas esta não queria de jeito nenhum. Seus pais a entregariam a Victor com prazer; sem contar que não estava a fim de ouvi-los dizer que no fim, dependia deles, por mais que ignorasse. Zira era a sua única saída.
- Zira! - Demi gritou a poucos metros da casa da mulher, ao vê-la saindo apressada. A mais velha demorou a reconhecer a voz, mas logo veio ao encontro de Demetria. - Minha amiga, aonde vais? Preciso da tua ajuda.
- O prefeito convocou toda cidade até a praça principal porque o Cavaleiro das Trevas foi capturado e vai ser exposto neste instante!
Judith saiu correndo, sem esperar as outras.
- Joseph não está aqui, eles o levaram para algum lugar.
- Como assim levaram?! Quem são eles? - esganiçou confusa. Mais um barulho forte vindo lá de fora. - O que está havendo?
- Provavelmente descobriram que o senhor tem relação com o Cavaleiro das Trevas e estão destruindo tudo com ódio. Foi o que ouvi. A senhora precisa se esconder urgentemente.
- Me esconder?! É claro que não! Preciso saber pra onde levaram Joseph, preciso lutar.
- Joseph me fez prometer que a manteria segura, senhora. Por favor, não dificulte tudo.
Demi não deu ouvidos a ela, trocando de roupa ali mesmo. Abriu a gaveta secreta onde o marido guardava espadas e arma. Escondeu o que achou preciso, tomando a arma em mãos. Claire tentou impedi-la, levando um empurrão.
Judith se pôs na porta, desesperada.
- A senhora não vai sair daqui. Queres morrer que nem a minha antiga senhora, mãe de Joseph? Porque é isso que eles vão fazer! Querem matá-la a qualquer custo! - Judith esbravejou, sentindo as lágrimas molharem seu rosto. Claire segurou a patroa pelas mãos.
- Eles disseram que vão entrar e torturá-la. Demi, eles mataram meu namorado.
A morena a olhou arrasada, sentindo vontade de chorar. Chorar de tristeza, ódio. E o ódio inflava ainda mais sua coragem, não podia deixar aquilo acontecer.
- Mas olha isso, não posso deixar as coisas assim. E se continuarem matando mais criados por causa de mim? E se matarem vocês? Eu nunca me perdoaria. Se eu tiver que morrer lutando, vou morrer feliz.
- Não pense somente em você, querida - Judith pediu, segurando seu rosto delicamente. Pôs as mãos sobre o ventre da morena. - Seu dever é protegê-lo, pense também nele.
Lembrar desse detalhe havia acabado com toda coragem de Demetria. Caiu sentada na cama, grunhindo de raiva. Era seu filho, não podia acabar com a vida dele sem nem mesmo ter começado. Queria ter contado pra Joseph, mas era uma surpresa que faria dali a dois dias. E agora nem sabia aonde o marido estava. Abraçou as duas criadas, após ouvirem a porta dos fundos ser arrombada.
- Precisamos nos esconder!
- Venham, sei de um lugar - Demi chamou, indo para o quarto de hóspedes, onde tinha a passagem secreta para o lugar que Joseph havia a levado. Abriu o fundo falso do armário. - Subam, rápido.
As três o fizeram, sentando no chão, juntas. Não havia janela, somente o teto aberto e por isso só podiam observar as estrelas ao som da destruição. Demi se perguntou aonde estaria o Cavaleiro em uma hora dessas em que um de seus aliados estava sendo atacado. Entristeceu-se ao lembrar de Joseph, pediu a Deus que estivesse a salvo e bem. Judith fez o mesmo, por mais que quase não tivesse esperança. Sabia que Joseph tinha sido pego pelo aperto em seu coração, mas torcia para que estivesse errado e o homem conseguira fugir.
- Estás aonde, puta? - Demi ouviu a voz de Victor um pouco longe e abafada. Sentiu seu sangue ferver. Ele ria e destruía o que via pela frente. - Cadê a tua coragem? Não adianta se esconder, hoje só saio daqui depois que te der uma lição.
A morena respirou fundo, mantendo a calma. Queria enfrentar Victor, mas o medo a envolvia. Sentia vergonha por sentir isso daquele quem a assustava do mesmo modo como um inseto.
- Seria ótimo se o Cavaleiro aparecesse, por mais que não goste de ser salva como a mocinha - Demi sussurrou. Judith não comentou nada, não queria contar a verdade sobre Joseph ser o Cavaleiro, pois não saberia a reação de Demi. Ela ficaria transtornada, com certeza. E ainda mais preocupada. Ouviram um barulho alto, identificando que Victor tinha entrado no cômodo. Seguraram mais forte as mãos uma das outras.
- Essa sua demora só acaba me irritando mais, Demetria...
Ele abriu a porta do armário com força, fazendo as mulheres ficarem tensas. Claire não suportou a pressão, deixando escapar um gemido de choro. O loiro parou no mesmo lugar abrindo um sorriso.
- Acho que estás encurralada...
Aproximou-se do armário novamente, afastando as roupas com agressividade.
- Senhor, temos que ir! - a voz de um homem foi ouvida inesperadamente. - O barão Bachelard nos quer na cidade.
- Ainda não achei aquela meretriz, não vou sair daqui.
- Rodamos toda casa, com certeza fugiu.
- Não fugiu, prendemos o cocheiro e se saísse a pé teríamos visto. Vou encontrá-la.
- O que digo ao barão? Ele não vai ficar nada contente se não estiveres lá.
- Inferno! - Victor socou o armário com raiva, pensando no que fazer. - Deixe alguns homens escoltando a fazenda e os estábulos.
Saiu irritado, com o homem ao seu alcanço. As três respiraram aliviadas, esperando os homens descerem.
- Precisamos achar uma forma de sair daqui - a morena afirmou, pensando em algo. Com o estábulo fechado e a fazenda cercada, era impossível.
***
- O senhor pode me ajudar? - Claire pediu ao capanga que estava no corredor. Ele levou um susto ao vê-la, apontando a arma.
- Quem és tu?
- Sou apenas a criada da casa.
- Aonde está a tua patroa? - ele perguntou, aproximando-se. Olhou-a de perto, fazendo Claire demonstrar o nervosismo. - Responda! Por que estás nervosa?
- Ela fugiu assim que invadiram. Estou nervosa porque minha amiga, outra criada, está machucada lá dentro. O armário caiu em cima de sua perna e não consigo retirar.
Ele abaixou a arma entrando no quarto atrás dela. Não deu tempo de raciocinar e já estava sangrando no chão. A facada no pescoço por Demetria e o lenço na boca por Judith foram perfeitos para que o ataque fosse silencioso.
- Valha-me, Cristo! Não consigo, não posso!
- Eles mataram seu namorado e vão nos matar também! - Demi lembrou irritada a Claire. Limpou as mãos no lençol, certificando se o capanga estava mesmo morto.
Fizeram o mesmo com o capanga que estava na sala. Vestiram as roupas deles e algumas de Joseph, pegando as armas e prendendo o cabelo no chapéu. Demi pôs um lenço no rosto para que não a reconhecessem. Saíram juntas balançando bebida alcoólica nas mãos, chamando a atenção dos outros capangas. Eles se animaram, vindo a encontro de Judith que serviu, enquanto Demi e Claire se afastavam. Elas pararam em frente ao estábulo, e Judith veio logo depois, sendo confundida com um homem facilmente.
- Eles vão achar estranho se pegarmos os cavalos do patrão.
- Mas não sabemos quais são os cavalos dos dois homens que matei, seria pior ainda pegar um dos cavalos dos capangas presentes aqui.
Demi concluiu e resolveu agir. Depois de um minuto, Claire foi para os fundos, enquanto Demi e Judith levavam cavalos até lá.
Fugiram sem chamar a atenção, suspirando aliviadas.
- Pode ficar tranquila, Claire. Ou vai me matar sufocada.
Claire afrouxou os braços em volta de Demi, fazendo-a dar uma risadinha. Encostou a cabeça na patroa, ainda com medo. O dia já havia clareado quando elas chegaram na cidade. Judith insistiu para que fossem até a casa da família de Demetria, mas esta não queria de jeito nenhum. Seus pais a entregariam a Victor com prazer; sem contar que não estava a fim de ouvi-los dizer que no fim, dependia deles, por mais que ignorasse. Zira era a sua única saída.
- Zira! - Demi gritou a poucos metros da casa da mulher, ao vê-la saindo apressada. A mais velha demorou a reconhecer a voz, mas logo veio ao encontro de Demetria. - Minha amiga, aonde vais? Preciso da tua ajuda.
- O prefeito convocou toda cidade até a praça principal porque o Cavaleiro das Trevas foi capturado e vai ser exposto neste instante!
Judith saiu correndo, sem esperar as outras.
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