Capítulo 21

Demi apertou mais o rabo de cavalo que havia cedido, enquanto andava. Quando estava com preguiça de ir à academia, caminhava pelo condomínio. Domingo de manhã era perfeito para isso, já que as outras pessoas faziam o mesmo. O espaço recreativo ficava lotado de crianças.
Ela já completava uma volta, quando ouviu chamarem seu nome. Sorriu surpresa ao ver o garoto.
- Lewis Jonas caminhando em um domingo de manhã? Quem te obrigou, pirralho?
- Minha mãe. Cismou que eu tenho que me exercitar - respondeu bufando e começaram a andar lado a lado. - Ela vai é acabar com minha vida social, porque as garotas não querem um frutinha que fica se exercitando de manhã.
- E presumo que você vai continuar com isso até seus dezesseis anos, quando puder malhar, certo?
- Certíssimo - rosnou e a morena revirou os olhos. Não era a primeira vez que caminhava com ele. Mas geralmente faziam isso à tarde.
- E quanto as garotas, por favor, você é um gato, bem humorado e inteligente. Essas caminhadas só lhe acrescentam mais uma qualidade: saudável.
- Verdade...não tinha pensado nisso - comentou sorrindo e Demi fez o mesmo. - Você só esqueceu do rico. Isso conta até demais para elas, todas interesseiras.
- Nem todas! Um dia eu aposto que você encontrará uma que nem ligará para o que você possui, e sim pelo o que é.
- Assim como o Joseph encontrou você? - perguntou divertido, deixando a mais velha sem reação. Ela não esperava mesmo por aquilo. Joseph agora estava achando legal contar para toda a família? - Relaxa, da minha boca não vai sair nada. Ele só me contou porque ouvi a conversa de vocês.
- Hm, tudo bem. Eu só não quero que se espalhe, as pessoas são muito fofoqueiras e maldosas...
- Demi, eu quase alejei aquele cara por não te ter apresentado como minha cunhada! Ia ser tão irado! Tipo, na época que vocês estavam juntos. Mas se ele não tivesse sido idiota o suficiente mentindo...mas eu entendo, eu também faria. Essas garotas interesseiras...
- Ele pediu a sua ajuda para defendê-lo para mim? Foi isso? - perguntou brava. Se já não bastasse ter contado ao irmão, ainda pedia para o mais novo ajudá-lo a limpar a barra com ela? Sentiu vontade de estapeá-lo só de pensar na possibilidade.
- Não, não, claro que não! Que viagem! - Lewis negou, erguendo a sobrancelha. Era melhor ficar quieto para não piorar a situação do irmão mais velho. - Ele está fazendo isso sozinho. Errou, conserta. E por favor, não diga a ele que eu te disse, senão o aleijado será eu.
- Ok - concordou e eles ficaram em silêncio por alguns segundos.
- Você sabe andar de skate?
- Não.
- E de bicicleta?
- Adoro.
- Já é, então. Vou buscar meu skate e a gente se encontra na praça principal - Lewis disse e a morena assentiu. O garoto seguiu para sua casa e ela para a dela.

Demi tirou a tarde para descansar. Leu, navegou na internet, comeu, brincou com Gilbert, leu e cochilou. Despertou no final da tarde, já à noite. Ainda sonolenta, cerrou os olhos, achando o som da campainha e do celular estridentes demais. Mal olhou a identificação e atendeu.
- Oi.
- Finalmente! - ouviu a voz de Selena e pelo tom, percebeu que amiga estava brava. - Estou há exatamente quinze minutos apertando essa campainha e ligando para o seu celular.
- O que aconteceu?
- Você poderia abrir a porta? - perguntou impaciente. Demi, ainda sonolenta, levantou da cama, rumo as escadas. Atravessou a sala, abrindo a porta para a amiga. Selena estava toda atrapalhada com sacolas no braço, uma caixa de pizza em mãos e segurava o celular com o ombro. - Você poderia parar com essa feição de retardada e me ajudar?
Então a morena riu, desligando o celular. Pegou a caixa de pizza, e deu espaço para a outra entrar. Fechou a porta com os pés.
- Acho que a pizza até esfriou devido à demora.
- Mas está cheirosa. E nada que um microondas não resolva - respondeu, finalmente despertando. Colocou a caixa sobre a bancada, enquanto Selena tirava pacotes de doces e sorvete das sacolas. Demi sentiu o estômago roncar ao sentir o cheiro. Abriu o armário pegando dois pratos, talheres e dois copos.
- Parece até que não tem comida aqui em casa...
- Ter até tem, mas nós sabemos que nossa comida não é lá essas coisas - Selena disse, enquanto sentava, abrindo a caixa da pizza.
- Nem venha, ninguém nunca reclamou da minha comida.
- Eu sei, eu sei, finja que sim para eu não me sentir mal. E depois que eu queria uma coisa bem rápida, volto ainda hoje para casa.
- Por que? - perguntou, curvando as sobrancelhas. Gostava da companhia da amiga. Depois que passou um tempo na casa de seus pais, desacostumou com a casa vazia e sem a gritaria estressante. Selena se serviu de um pedaço grande, pois estava com muita fome para esperar segundos no microondas. Demi fez o mesmo.
- Porque eu tenho que terminar coisas do trabalho ainda hoje, para amanhã.
- E por que não trouxe para terminar aqui?
- Meu Deus! Você está carente mesmo, hein, Demi? - Selena arregalou os olhos, falando com a boca cheia. Pensou em mandar a amiga procurar um dos irmãos Jonas, mas preferiu guardar para si. A morena bufou. - Gilbert não é uma boa companhia?
- Vá se ferrar, Selena.
Continuaram a comer e conversar. Demi então contou a amiga a rápida conversa que teve com Joseph no almoço de sábado, e não gostou dos comentários positivos que Selena fazia. A amiga já havia decidido dar uma nova chance a ele, afinal, o tempo passou, as coisas mudaram, e isso deixou Demetria irritada.
- Eu não entendo como você pode esquecer tão rápido o que ele fez.
- Perdoar e esquecer são coisas diferentes, Demi. Eu não me esqueci, mas eu o perdoei - respondeu, procurando no armário dois potes para por a sobremesa. - E quer saber? Eu acho que você deveria fazer o mesmo.
- Eu não vejo toda essa facilidade como você...
- Sabe o por quê? Ainda está magoada. Se você tivesse mesmo esquecido, não estivesse se importando, como gosta de dizer, liberaria facilmente o perdão.
- Mas eu não me importo - mentiu, já ficando irritada. No momento não estava gostando de escutar a verdade. Preferia ficar fingindo para si mesma. Selena revirou os olhos, quando ela tentou trocar de assunto. - Vai passar uma comédia muito legal.
- Até quando vai ficar fugindo do assunto? Por que simplesmente não vira uma colega de Joseph, mesmo que seja distante? Que rancorosa. 
- Esse papo já ficou chato. Sim, eu já o superei e não, ainda não consigo ser amiguinha dele. Satisfeita? Agora vamos ver o filme.
- Você não superou, apenas aprendeu a viver com a ausência dele, bloqueando qualquer tipo de lembrança. - respondeu, fazendo a morena bufar e levantar-se da cadeira. Sentou no sofá com sua sobremesa em mãos. - Essa resistência toda seria porque no meio de mágoa, decepção e raiva ainda brota amo--?
- Filme! - esbravejou, interrompendo Selena. A morena não queria relacionar aquela palavra a ele. A amiga riu, sentando ao lado dela.
Desistiu de tentar ajudá-la quanto a esse assunto. Demi pôs o filme, e minutos depois as duas já riam. Logo pegaram os doces que Selena havia comprado.

- Você vai se ver comigo!
- Prometo passar o final de semana com você, mas agora preciso ir embora mesmo - Selena disse, e deu um abraço na amiga. - Quero ver terminar aquilo tudo de madrugada.
- Ok. Obrigada pela visita.
- Agradecendo visita? Está bem, Demi?
- Tchau! - despediu-se e sorriu pra outra, fechando a porta. Desligou a TV e subiu para o seu quarto. Trocou de roupa e se jogou na cama. Gilbert miou, se pondo ao seu lado.
- Ei, seu mal educado. Por que não foi falar com Selena?
Mais um miado, e ela o pegou no colo.
- Você sabe que ela gosta de você. Lembra os bons tempos que vocês passaram juntos? - perguntou e gargalhou lembrando da amiga com medo do bichano. - Tá, nem tanto. Agora vamos dormir.
Puxou a coberta, deitando-se. Bocejou e fechou os olhos.

03h45min
A morena bufou ao conferir o horário no celular. Era a quinquagésima vez que se remexia desconfortável na cama. Não conseguia dormir. Sentou, prendendo os cabelos em um coque.
Olhou para o outro lado da cama e sentiu um incomodo por vê-lo vazio. Detestava quando a solidão lhe assolava. Principalmente de madrugada. Nas noites de um ano atrás, ficava triste e derrubava algumas lágrimas quando se encontrava no escuro e silêncio do quarto. Por mais que o dia tivesse sido divertido com seus familiares, quando estava sozinha, até a luz do lustre lhe lembrava Joseph.
Demetria agora ficava aliviada por não sentir mais aquela angústia que a fazia cair em prantos. Mas a solidão lhe incomodava demais, fazendo os pensamentos serem direcionados a ele.
Foi até a cozinha pegar o costumeiro copo d'água, que havia esquecido. Enquanto bebia, se encostou na bancada, sendo invadida por uma lembrança.

"Joseph adentrou no apartamento silêncioso e vazio. Fechou a porta, tentando não fazer barulho. Mas foi inútil, já que tropeçou na mesinha de centro. Xingou e voltou a andar com cuidado, até o quarto da namorada. Abriu a porta, sentindo-se bem só por inalar o perfume dela. Não a viu na cama e estranhou. Foi até o banheiro e nada também.
- Bu! - virou-se imediatamente, arregalando os olhos, quando ela saiu do closet todo escuro. Pôs a mão no coração descompassado.
- Ficou louca?!
- Eu que te pergunto. Pensei que fosse um bandido para entrar sorrateiramente aqui - respondeu, o seguindo até a cozinha. Joseph bebeu um copo d‘água, ainda se livrando do susto.
- Ele entraria e daria meia volta. A única coisa de valor aqui são os seus orgãos.
- Há há há. Como você é engraçadinho! Não me lembro de ter pedido piadista de madrugada.
- Que mau humor - reclamou, pondo o copo em cima da pia e se encostando na bancada. - Eu cheguei e você nem um abraço me deu.
- Claro, pensei que fosse alguém perigoso - explicou, andando até o namorado, e o envolvendo em um abraço.
- Eu sou perigoso! - Joseph disse, fazendo a garota gargalhar. Ela encostou novamente a cabeça no peito dele, ainda rindo. - Não entendi da graça.
- Ok, senhor perigo. Mas você tem noção de que estamos conversando de madrugada tendo aula amanhã, huh?
- Eu estava com insônia. Você estava acordada?
- Sem um pingo de sono - bufou e ele elevou as mãos até cintura dela, impulsionando o corpo da morena de uma só vez, fazendo-a sentar na bancada. Joseph se pôs entre as pernas dela, enquanto a namorada o envolvia pelos ombros.
- Estou pensando no seu presente. Alguma ideia?
- Alex Turner - respondeu mordendo o lábio, deixando ele enciumado.
- Eu até gosto do cara, mas ele não me supera. E não tem namorada?
- E desde quando isso é problema pra mim?
- Você deixa de ser assanhada! - repreendeu, dando um tapa fraco na coxa descoberta dela, fazendo-a rir. Demi lhe deu um selinho.
- Tudo bem, eu me contento com você - brincou, o beijando. Joseph a envolveu pela cintura, correspondendo. Bastava dois ou três dias sem se verem que a saudade batia. A morena embrenhou as mãos nos cabelos dele, intensificando o beijo. Adorava essas visitas inesperadas de Joseph. Eles se separaram e a morena o abraçou. O namorado aproveitou para segurar firmemente no par de coxas grossas, a tirando da bancada e deixando suspensa no ar. Ela deu um gritinho assustado, o envolvendo pelo quadril.
- Joseph!
- O Alex Turner não conseguiria te segurar assim - disse, andando com ela. Demi revirou os olhos, o abraçando mais forte.
- Está me chamando de gorda?
- Deixa de neurose. Ele que é uma caveira ambulante - respondeu, se jogando no sofá com ela. A morena murmurou um "E você ciumento", mas ele fingiu não ouvir.
- Sempre que estamos com insônia, estamos com saudade um do outro. Isso me leva a conclusão que a saudade é a culpada de não conseguirmos dormir.
- Concordo.
- E morrer de saudade, querer ficar todo o tempo agarrada a você, te enchendo de beijo - a morena parou de falar para depositar um selinho nele. - e pensar em ti bastante, me leva a conclusão que--
- Que eu amo você - Joseph completou, a interrompendo. A morena sorriu, se derretendo e o beijou apaixonadamente. Um casal que de longe exalava amor."

Joseph suspirou ao se lembrar. Depois desse dia, sempre quando tinha insônia, recordava. Ele sentiu frio por estar sem camisa, apenas com uma calça de moletom. Fechou a janela e deu um murro fraco na parede.
Três anos de relacionamento, três anos convivendo com a mulher mais incrível que ele havia conhecido foram amassados e jogados fora como uma folha de papel que não serve mais. O homem não conseguia concordar com isso, tudo por culpa sua. Se jogou na cama com os braços sobre a testa. Demetria não sabia das noites mal dormidas de Joseph durante o tempo que passou; não sabia como ele também sofreu; não sabia o quanto se sentiu arrependido; o quanto se sentiu só e como a procurou. Não podia ter tido surpresa melhor do que reencontrar Demetria. Agora estava disposto a conseguir o perdão da morena, e talvez algo mais. Já que o sentimento não foi apagado. Pegaria os três anos amassados e jogados fora, e recuperaria do lixo, desamassando.
De um lado, ela acordada, de outro, ele. Não seria mais fácil se simplesmente passassem para o mesmo lado? Ah, claro, o amor é complicado demais para isso.

Continua

Oi, lindonas! Mais uma vez, perdão pela demora. Já disse que os computadores aqui de casa não estão contribuindo, mas para minha sorte, tem o meu amor, Evan (não, não é o meu namorado, infelizmente), que é o meu celular, sempre me socorrendo nesses momentos. 

Acho que não conseguirei responder os comentários, porque teclado touch screen e a internet lenta da Tim são uma combinação nada legal. E como vocês sabem que respondo uma bíblia, fica muito ruim.

Saibam que eu adorei ver os doze comentários e não deixei de ler! Obrigada por comentarem, é importante. <3

AH, novidades! Estou adorando escrever os próximos capítulos porque a Miley já aparece. 

E MAIS, as coisas começam a andar entre Jemi! Estou terminando o capítulo 24 aqui para ver se mando ainda essa semana. Coisa boa vem por aí! haha

Ah, e quanto ao hot, anônima, pode deixar que vou agilizar o processo para já já termos um! Não morra até lá, haha.

Um beijão em cada um de vocês! <3